19.5.02

(Richard, nem icq consegui abrir. Mandar msg foi uma dificuldade. Ent�o coloquei o que escrevi direto aqui. Devo sumir por mais um tempo. Um beijo, Vivianne. OBS: Ainda n�o publiquei.)
T� me sentindo Chefe de Estado em visita. Logo no dia que cheguei em Te�filo Otoni fui agraciada com um prato t�pico da culin�ria baiana: moqueca. O coitado do meu pai tinha ido � peixaria, gastado os tubos num badejo e a cozinheira errou a m�o. O peixe ficou ruim de doer. Resultado: fomos arrotando peixe de T.O. at� Goi�nia. Tudo bem. Na volta teve salada de presunto defumado com abacaxi e batatas que eu adoooooooro, e entre mortos e feridos salvaram-se todos. E ainda minha madrasta-que-n�o-�-m� me presenteou na segunda-feira com uma bel�ssima ab�bora-com-quiabo que eu tinha desejado no dia anterior. E por a� vai.

Se a parte mineira da fam�lia tem um qu� baiano n�o resolvido, a parte baiana tem uma por��o ga�cha mal-resolvid�ssima. Eu, que como de carne como se deve comer sobremesa � s� se for muito boa e se tiver espa�o - tenho sido presenteada com mais e mais churrascos. Todos muito bons e que me pegam de barriga vazia.

Sem contar os bob�s de camar�o, a pamonha salgada de Goi�nia, os beij�s e fofas, bolos de chocolate, bananas assadas com canela e queijo, bananadas com queijo, mariolas, e aquela batatinha com carne de panela feita por Maria que eu n�o comia desde a �poca que tinha a altura da barra da saia dela (e que puxava essa barra de saia e reclamava �Qu� c�iiine).

�... a previs�o � de chuva. E quilos a mais no final do per�odo.
Vou avisando que o texto � grande. Copie, cole no word, imprima, e leia!

TEXTO DE NIZAN GUANAES (paraninfo de turma de ADM da Facs. 2002)

Dizem que conselho s� se d� a quem pede. E, se voc�s me convidaram para paraninfo, sou tentado a acreditar que tenho sua licen�a para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui v�o alguns, que julgo valiosos.

N�o paute sua vida, nem sua carreira, pelo dinheiro. Ame seu of�cio com todo cora��o. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro vir� como conseq��ncia. Quem pensa s� em dinheiro n�o consegue sequer ser um grande bandido, nem um grande canalha. Napole�o n�o invadiu a Europa por dinheiro. Hitler n�o matou 6 milh�es de judeus por dinheiro. Michelangelo n�o passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que s� pensam nele n�o o ganham. Porque s�o incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi constru�do antes, na alma. A prop�sito disso, lembro-me uma passagem extraordin�ria, que descreve o di�logo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pac�fico e um milion�rio texano. O milion�rio, vendo-a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu n�o faria isso por dinheiro nenhum no mundo." E ela responde: "Eu tamb�m n�o, meu filho".

N�o estou fazendo com isso nenhuma apologia � pobreza, muito pelo contr�rio. Digo apenas que pensar em realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.

Meu segundo conselho: pense no seu Pa�s. Porque, principalmente hoje, pensar em todos � a melhor maneira de pensar em si. Afinal � dif�cil viver numa na��o onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo. O caos pol�tico gera uma queda de padr�o de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos, e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, n�o chega viver como homens. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu. Que era fic��o, mas hoje � realidade, na pessoa de Geraldo Bulh�es, Denilma e Ros�ngela, sua concubina.

Meu terceiro conselho vem diretamente da B�blia: seja quente ou seja frio, n�o seja morno que eu te vomito. � exatamente isso que est� escrito na carta de Laudiceia: seja quente ou seja frio, n�o seja morno que eu te vomito. � prefer�vel o erro � omiss�o. O fracasso, ao t�dio. O esc�ndalo, ao vazio. Porque j� vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a trag�dia, o fracasso. Mas ningu�m narra o �cio, a acomoda��o, o n�o fazer, o remanso. Colabore com seu bi�grafo. Fa�a, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, n�o jogue fora, se acomodando, a extraordin�ria oportunidade de ter vivido. Tendo consci�ncia de que, cada homem foi feito para fazer hist�ria. Que todo homem � um milagre e traz em si uma revolu��o. Que � mais do que sexo ou dinheiro.

Voc� foi criado, para construir pir�mides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interroga��es na m�o e uma caixa de possibilidades na outra. N�o use Rider, n�o d� f�rias a seus p�s. N�o sente-se e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: eu n�o disse!, eu sabia! Toda fam�lia tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almo�o de domingo, tem que ag�entar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa.

Chega dos poetas n�o publicados. Empres�rios de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fant�sticas toda sexta de noite, todo s�bado e domingo, mas que na segunda n�o sabem concretizar o que falam. Porque n�o sabem ansear, n�o sabem perder a pose, porque n�o sabem recome�ar. Porque n�o sabem trabalhar.
Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 �s 12, de 12 �s 8 e mais se for preciso. Trabalho n�o mata. Ocupa o tempo. Evita o �cio, que � a morada do dem�nio, e constr�i prod�gios. O Brasil, este pa�s de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses que trabalham de sol a sol constru�ram, em menos de 50 anos, a 2� maior megapot�ncia do planeta. Enquanto n�s, os espertos, constru�mos uma das maiores impot�ncias do trabalho. Trabalhe! Muitos de seus colegas dir�o que voc� est� perdendo sua vida, porque voc� vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque voc� vai trabalhar, enquanto eles v�o ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que � mesmo o senhor da raz�o, vai bendizer o fruto do seu esfor�o, e s� o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados n�o conhecer�o. E isso se chama sucesso.

18.5.02

�J� ancorado na Ant�rtida, ouvi ru�dos que pareciam de fritura. Pensei: ser� que at� aqui existem chineses fritando past�is? Eram cristais de �gua doce congelada que faziam aquele som quando entravam em contato com a �gua salgada. O efeito visual era bel�ssimo. Pensei em fotografar, mas falei pra mim mesmo: �-Calma, voc� ter� muito tempo para isso...� Nos 367 dias que se seguiram o fen�meno n�o se repetiu. Algumas oportunidades s�o �nicas.�
Amir Klink

17.5.02

Trago dentro do meu cora��o,
Como num cofre que n�o se pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi atrav�s de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que � tanto, � pouco para o que eu quero.

16.5.02

Olho essa p�gina � prefiro p�gina a �caixa de texto� - em branco aqui na minha frente e sinto medo de n�o saber o que escrever. Ou de escrever o que n�o querem saber. No bal�ozinho em cima da minha cabe�a tem (com ou sem chapeuzinho esse �tem� aqui?) um monte de perguntas.
Ser� que voc� quer saber quais s�o essas perguntas? Ou quem sabe, talvez, quer saber que quebrei o bra�o direito quando tinha 3 anos de idade. Ou mais: que gosto mais de pipoca doce que da salgada.

Se gosto de filme de a��o ou de �filme que d� vontade de ser feliz�. Se vou ao cinema sozinha. Se tempero a salada com lim�o. Se odeio quiabo. Se j� tive medo do escuro. Se tenho medo de morrer. Se acredito em Deus. Se de vez em quando tenho d�vida. Se l� poesia. Se j� amei na vida. Se fui amada. Se gosto de tempo frio. Se j� tomei banho de chuva. Se j� peguei jacarezinho na praia. Se conhe�o de vinhos. Se odeio vinho. Se gosto de ir ao Mineir�o. Se j� fui ao Mineir�o. Se tor�o pro Galo. Se j� cortei o pr�prio cabelo quando crian�a. Afinal, se querem saber de mim.

Pode ser que n�o queiram saber de nada disso.

15.5.02

Carrego o peso da lua,
Tr�s paix�es mal curadas,
Um saara de p�ginas,
Essa infinita madrugada.
Viver de noite
Me fez senhor do fogo.
A voc�s, eu deixo o sono.
O sonho, n�o.
Esse, eu mesmo carrego.
(Paulo Leminski, Distra�dos venceremos, p. 40)

14.5.02

J� disse outra vez que o que atrapalha minha pregui�a atrapalha meu trabalho. Preciso de meu tempo para que possa me dar o resto do tempo. Preciso de descanso. Ah! Como preciso de ficar s�, comigo mesma, a contar nuvens. Como o apanhador no campo de centeio � leu esse livro? Vou te contar: tudo que o protagonista sabia que queria ser da vida era apanhador no campo de centeio. Apanhador de crian�as que viriam correndo em sua dire��o. - queria eu ser pastora de nuvens-carneirinhos. Como � doce o fazer nada!

Escrevi numa auto-avalia��o que �o in�til tem sua forma particular de utilidade. � a pausa, o refrig�rio, o descanso no desmedido desejo de racionalizar todos os atos de nossa vida sob o crit�rio exclusivo de efici�ncia, produtividade, rentabilidade e tal e coisa. T�o compensat�ria � essa pausa que o in�til acaba por se tornar da maior utilidade. � o gostar do �cio e assumi-lo criativo.

Aprendi a conviver comigo mesma. Me decifrei. E n�o adianta, sempre em mim est� presente o meu eterno partir na minha vontade enorme de ficar. O medo da mudan�a e o desejo de mudar.

Mas o que mora em mim n�o � um partir pro sert�o, pra uma casa nova ou coisa que o valha. � um partir pro Pa�s dos Espelhos, ou o das Maravilhas. Serve at� o pa�s do guarda-roupa, das gavetas. � isso: tem momentos que eu queria mesmo � me engavetar. E surgir logo depois, como uma roupa da qual a gente n�o se lembra mais mas que provoca quase um sorriso de satisfa��o quando a encontramos no fundo da gaveta.

Queria me engavetar para ressurgir nova e com cheiro de sach�.

Mas hoje estou pra margaridas.

13.5.02

N�o sou dada a supersti��es, sou dada a literaturas. Sendo assim escolho por a� supersti��es que me fazem mais interessante do ponto de vista liter�rio. Uma dessas � a de usar poesia como or�culo. Quando n�o sabia pra onde ir (ser� que hoje eu sei?) me exilei na biblioteca e abri um livro do Drummond. Caiu aqui:

�(...)� vida, vida, vida, assim desperdi�ada
(...)ela te avisa que vai fugir, est� fugindo,
segunda, ter�a torta, quarta parda, quinta,
r�pida sexta, seca, s�bado, - passou.
Domingo � soletrar o v�cuo de domingo.
Ent�o, sei l� porque, tu ser�s farmac�utico.�

12.5.02

Em tempos de mudan�a desenterramos coisas que n�o existem mais. � como se certas coisas ressuscitassem do sono dos livros embolorados s� para serem redescobertas, revividas. (pausa pra voc� pensar nas �ltimas coisas que desenterrou). Olha s� o que eu achei numa agenda antiga, daquelas cheias de recortes...� um texto do Zeca Camargo-No-Limite que saiu na Capricho. Quem diria?

�Estou batendo essa carta porque j� n�o sei mais como dizer que te amo. J� falei alto, falei baixo no seu ouvido, j� cantei, j� dancei pra voc�, j� escrevi em papel de arroz do Nepal, mas me lembrei que batido � m�quina eu ainda n�o tinha me expressado. Daqui a pouco vai ficar dif�cil achar novas maneiras de dizer que estou apaixonado...�

10.5.02

Ah, Manoel, Manoel, como tu ando me sentindo muito completa de vazios. Ando ocupada de mim e de meu desconhecer. Entretanto estou gr�vida de eternidades. De eternidades com horizontes.

9.5.02

Quem? O qu�? Onde?...

Recebi um e-mail me pedindo pra falar um pouco de mim. Do tipo, �quem sou eu? O que fa�o?� Sabem o que significa isso? Que pessoas que n�o me conhecem andam lendo o meu di�rio! J� pensou? Blog � mesmo um tipo de umbiguismo, um Big Brother editado...e estou gostando disso...vou tentar fazer uma apresenta��o.

N�o sabem o que eu fa�o? Pois conto. Por incr�vel que isso possa parecer sou uma farmac�utica. Na verdade ainda n�o sou, mas vou ser. Daqui uns 20 dias. Dr� Jekyll.

A Miss Hyde faz Artes C�nicas. Curso novo (n�o mais tanto assim...), novas possibilidades. Consegui uma estafa. A faculdade de Farm�cia me tomava a manh� e a tarde. Com mais a noite tomada pela faculdade de Artes C�nicas, o tempo pras Anas Kareninas, Bridget Jones, e outras literaturas-progesterona ficava reduzido �s tardes - e somente tardes - de s�bado.

Todas as cartas de apresenta��o, curr�culos, e descri��es do g�nero, s�o rid�culos, como diria Fernando Pessoa. N�o tem jeito: t� com vergonha, mas vamos l�. Rubem-bragueando...

Detesto m�sica new age (do g�nero Enya, mas o Uakti at� que � legalzinho) e acima de tudo eu odeio Ivan Lins. Adoro Caetano mesmo quando parece tentar imitar o Wando ou apela pra experimentalismos (how beautiful could a being be...), mas eu prefiro o Chico � sem contar que ele � lindo! Minha cor preferida � preto. N�o gosto do Lula. Acredito na bondade das pessoas na maioria das vezes. Meu livro preferido � 100 anos de solid�o... mas acho que n�o me lembro mais direito da est�ria. Gosto do Saramago e do Rubem Fonseca. Prefiro ler bula de rem�dio � Foucault. Mas acabo lendo as duas coisas.

Tenho pregui�a de estudar e fico inventando outros afazeres para n�o ter que. Acho que a vida s� devia come�ar depois do meio dia. Concordo com quem disse que �quem atrapalha minha pregui�a atrapalha o meu trabalho�. Percebeu a grande verdade que est� por tr�s disso? (N�o sei se foi o M�rio Quintana, o Domenico de Masi ou o Dorival Caimy...) N�o entendo nada de c�lculo diferencial e integral e a HP pra mim � uma inc�gnita (vive apitando pra mim). N�o gosto de beber pois odeio perder meu centro de gravidade. Gosto de consertar as coisas (tem uma fechadura ou um encanamento a� precisando de conserto?) e queria saber costurar. Sei bordar mas n�o fa�o croch� porque machuca os dedos. Gosto de cozinhar.

P.S.: J� ouviu falar de esternocleidomast�ideo?

8.5.02

"Estou atravessando um per�odo de �rvore"

Manoel de Barros

7.5.02

F�rias


Estou de f�rias. N�o � toa as f�rias s�o uma institui��o universal. Como se, sem esse hiato em que a pregui�a � rainha e o calor ocupa o trono as seu lado, os seres humanos n�o pudessem ag�entar aquela inven��o diab�lica que � o trabalho.

Vou pra Goi�nia hoje, volto no Domingo. Mas voc�s n�o v�o sentir minha falta. Escrevi uma s�rie de posts com anteced�ncia que v�o ser publicados ao longo da semana. Meu amigo Richard vai funcionar como Editor Chefe do bloguinho aqui. Beij�o, int�. E deixem coment�rios que quando eu voltar, vejo.
Preciso acertar meu rel�gio biol�gico.
querido di�rio hoje fui dormir tr�s da manh� e acordei �s sete foi muito bom parecia que eu tinha dormido o dobro do tempo fui ler os jornais mas fiquei s� meia hora mil coisas hoje est� lindo se eu pudesse passaria o dia na cachoeira lendo pequenas criaturas hoje vou me dividir entre a farmacognosia e a arruma��o da mala depois se eu lembrar de noite vou ver marissol por que � t�o inacreditavelmente p�ssima que � �tima parece aqueles testes para ser ator que tinha no faust�o mas s� que pior como todos trabalham mal imagino que o diretor � que � p�ssimo o alexandre frota dizendo eu te amo pra b�rbara paz � imperd�vel estou com sono atrasado o dia est� lindo

de tarde choveu
Coisas que eu gosto muito
Assim com a s�rie pessoas que marcaram a minha vida, come�o outra hoje: s�rie listas. Livremente inspirada no Andr� que fazia listas dos melhores do ano todo ano. As melhores m�sicas, as melhores frases, as melhores coisas que se fez, os melhores cheiros, os piores micos, as mais Odete Roitman do ano... A lista de hoje � das 10 coisas que mais gosto. Me reservo o direito de editar. N�o tenho talento para certezas.

Chocolate
Cheiro de livro novo
Filmes que d� vontade de ser feliz
Cheiro de chuva na telha
Chorar de felicidade
Livro do Rubem Fonseca
Lua cheia
Lembrar de coisa boa
Estar apaixonada
Abra�

6.5.02

A minha m�e deixou um coment�rio aqui querendo saber o que � ser xiita. M�e internauta � uma coisa. A gente recebe coisas com os seguintes assuntos: "Subject: se alimentou direito?" " Subject: voc� n�o acha que deve dormir ao inv�s de ficar acordada at� t�o tarde na net?". Voc� pode fazer um e-mail resposta padr�o tipo "N�o, m�e". (Pode rir, m�e....) Ent�o vamos l�, explicar qual � o meu conceito de xiita.

Oficialmente xiita � uma corrente mu�ulmana surgida na �poca da morte de Maom�. Os xiitas s�o partid�rios de Ali, genro de Maom�, que acreditava que a sucess�o do Profeta devia se dar pela heran�a familiar, pois seus descendentes seriam os �nicos que saberiam interpretar corretamente os ensinamentos do Isl�. Os xiitas representam 16% dos mu�ulmanos e consideram-se l�deres da comunidade e continuadores da miss�o espiritual de Maom�. S�o majorit�rios no Ir� e em Bahrein.

Como acontece de vez em quando, a palavra acaba por ultrapassar seu sentido original e significar algo muito mais gen�rico. Xiita � utilizado normalmente como sin�nimo de extremista. E extremista tamb�m transcendeu o sentido original.

Quando coloco no meu di�rio virtual um banner com a frase "A arte de ser xiita" o 'subtexto', o sentido por tr�s disso, � que eu tenho a opini�o extrema de que opini�es extremas devem ser respeitadas. Ser xiita � uma arte, no meio de tantas incertezas. Eu mesmo n�o tenho certeza nem se o que escrevo � o que realmente penso ou se s� escrevo pra convencer voc�s, mesmo que n�o acredite nisso (�, eu n�o vou facilitar as coisas...).

Ou seja, a frase serve mesmo pra fazer pensar. Eu mesmo j� pensei numa outra explica��o pra isso (!). Quem tiver a sua, pode contribuir, � s� fazer um coment�rio aqui embaixo.

5.5.02

Uma arte
Elizabeth Bishop

A arte de perder n�o tarda aprender;
tantas coisas parecem feitas com o molde
da perda que o perd�-las n�o traz desastre.
Perca algo a cada dia. Aceita o susto
de perder chaves, e a hora passada embalde.
A arte de perder n�o tarda aprender.
Pratica perder mais r�pido mil coisas mais:
lugares, nomes, onde pensaste de f�rias
ir. Nenhuma perda trar� desastre.
Perdi o rel�gio de minha m�e. A �ltima,
ou a pen�ltima, de minhas casas queridas
foi-se. N�o tarda aprender, a arte de perder.
Perdi duas cidades, eram deliciosas. E,
pior, alguns reinos que tive, dois rios, um
continente. Sinto sua falta, nenhum desastre.
- Mesmo perder-te a ti (a voz que ria, um ente
amado), mentir n�o posso. � evidente:
a arte de perder muito n�o tarda aprender,
embora a perda - escreva tudo! - lembre desastre.
� maneira de Jo�o do Rio
O poema da Elizabeth Bishop ali em cima serve de introdu��o ao clima do assunto de hoje. Nesse momento come�o uma s�rie de posts que pode ser chamada de �Pessoas que marcaram a minha vida�. E pra come�ar vou falar de Ouro Preto. �pa, mas n�o ia falar de gente? A� que entra o Jo�o do Rio, que acredita numa �alma das ruas�, e Ouro Preto de tanto que me ensinou coisas, acabou por personificar-se. E � nesse momento de despedida e de perda que eu sinto mais a presen�a da cidade.

Em frente � minha casa tem um gramado verde e bem cuidado. No meio desse gramado tem uma fonte com uma cruz em cima. Uma cruz bem grande, quase do tamanho de um homem, de pedra. De madrugada e sem sono costumo ir pra l� observar a cidade. De l� d� pra ver o pico do Itacolomi, t�o grande e imponente que parece dizer �� Como voc� � insignificante!�, em tom de amea�a. Ou �s vezes, �Vai dormir que fico aqui te protegendo do escuro, do indiz�vel. Dos fantasmas cuide voc�.� Jo�o do Rio confirmaria o que eu conto, pois �a alma da rua s� � inteiramente sens�vel a horas tardias�.

(Pausa pra devaneios)

Meia hora depois decido escrever sobre isso outra hora. Ouro Preto n�o gosta que contemos seus segredos. Eles devem ser ditos de voz baixa, confidencial, nos ouvidos. Mas fa�o uma malineza e confirmo que �h� trechos em que a gente passa como se fosse empurrada, perseguida, corrida � s�o as ruas em que os passos reboam, repercutem, parecem crescer, clamam, ecoam e, em breve, s�o outros tantos passos ao nosso encal�o� que acabo por n�o me sentir mais sozinha, e ao inv�s de perseguida, me sinto reconfortada.

4.5.02

"Noventa por cento do que escrevo � inven��o. S� dez por cento � mentira." Manoel de Barros, no ensaio fotogr�fico imperd�vel O lugar do escritor. Lindo!
Elogio ao pl�gio
O pl�gio, a c�pia, o "inspirado em" est�o muito em voga nesses tempos de internet. Todo mundo ctrl+C todo mundo. Isso me lembrou de um trabalho que fiz, n�o sei mais sobre o que nem o que estava escrito nele, mas a professora, que muito mais tarde se tornou uma pessoa que guardo no cora��o (um beijo, Marina!), me acusou de ter copiado tudo e n�o ter colocado as refer�ncias. N�o era de todo verdade. Quando se copia de um, � pl�gio, de v�rios � pesquisa...Mas o que aconteceu � que escrevi um e-mail quase raivoso de volta, com argumenta��o quase s�lida. Dizia mais ou menos o seguinte:

Sob a acusa��o de ter plagiado a can��o de amor de Of�lia e colocado na boca de Mefisto, Goethe respondeu: "E por que eu deveria me dar ao trabalho de encontrar algo pr�prio, quando a can��o de Shakespeare cabia � maravilha e dizia exatamente aquilo que era preciso?"(in Deus e o Diabo no Fausto de Goethe, Haroldo de Campos). E Goethe disse mais: "A can��o era de Of�lia, a hist�ria era a de J�. Se n�o os juntasse n�o ter�amos o Fausto." Outro g�nio eternamente acusado de pl�gio foi o mesmo Shakespeare "roubado" por Goethe. Sobre isso j� se disse que "grandes poetas raramente fazem tijolos de palha. Eles amontoam todas as coisas excelentes que podem pedir, tomar de empr�stimo ou roubar de seus predecessores e contempor�neos e acendem sua pr�pria luz no topo da montanha."(Ezra Pound) Como Shakespeare escreveu a melhor poesia em ingl�s, n�o importa um real se ele pilhou ou n�o os l�ricos italianos no seu saque generalizado da literatura que lhe estava ao alcance.

Ent�o, se a partir desses tijolos de literatura constru�mos uma obra melhor, ou mesmo menor, ou pior, mas com outra inten��o e outras revela��es, por que n�o? S� tenha o cuidado redobrado, em tempos de tribunais ativos.
Cultura in�til Tenho que falar do meu stress de estudar um raio de mat�ria que se chama farmacognosia II - nada com esse nome parece prestar, n�? - e que tem uma professora que faz quest�o que a gente saiba que o carbono pra cima na posi��o 17 � mais interessante pros cardenol�deos. Algu�m a� sugere uma aplica��o pr�tica pra tal informa��o (que vem acoplada com 300 outras)? Claro que podem me dizer que "o desenvolvimento molecular de um medicamento que partisse dessa estrutura" precisa desse tipo informa��o. E? N�o seria melhor que esse conhecimento t�o espec�fico s� fosse dado a quem procurasse? A minha mem�ria ram j� est� bastante ocupada com senhas diversas, prazos, n�meros de telefone, e outras informa��es quase t�o in�teis. S*co.

Assuntos mais agrad�veis. A Raquel � uma menina linda que tem voz de paquita. (Hoje eu morro.) Mas ela imitou uma paquita t�o bem (lembra de "� t�o bom, bom bom bom"?) que s� me lembro dela com aquela voz e dizendo "taarde, seo Quelemente". Atendendo a um pedido especial dela eu aumentei o n�mero de posts que aparecem na p�gina principal. Agora d� pra ler a Carta pro Papai Noel de novo. Quem n�o leu ainda, t� l� embaixo, no dia 09/04. Os arquivos n�o estavam funcionando direito, mas agora eu consertei.

Orgulho Coloquei um link novo entre os blogs do espa�o vermelho. � de um blog que used to be my playground, mas acabou ficando pro Luiz, que afinal escreve muito melhor que eu. N�o deixem de olhar os arquivos dele. Tem coisas do tipo "tive vontade de escolher um universo para cada dedo seu". N�o � lindo?

3.5.02

Carpe diem
Hoje entrei na Escola de Farm�cia na hora das sombras. O pr�dio estava quase vazio e dava pra escutar com muita clareza as vozes dos fantasmas. O ranger das escadas servia de compasso pro coral de murm�rios. Corri pro IFAC.

Um dia desses, sem nada pra fazer (=com um monte de coisas pra fazer mas procurando desculpa pra n�o ter que) eu revi Sociedade dos Poetas Mortos. N�o sei o porqu�, mas tinha um certo preconceito com esse filme e s� vi porque tinha em casa uma c�pia Clube Folha. (Neste momento, caro leitor, te d� um clique e voc� percebe o meu empenho pra fugir da lida.)

O filme come�a com o professor (ah, lembrei o porqu� da birra com o filme: Robin Williams) levando os alunos pra um tour pela sala da escola onde ficam os quadros com as fotos das turmas antigas. Ele pede pra todo mundo se aproximar bem das fotos e escutar o que elas diziam: carpe diem. A mensagem positivista na boca dos fantasmas nos faz ver que corremos o risco de n�o aproveitarmos o momento e virarmos retrato amarelado.

Quem j� teve a oportunidade de visitar a Escola de Farm�cia de Ouro Preto viu que aquela sala do filme � a Escola toda. Em toda e qualquer parede tem o quadro de uma turma, de um ex-diretor (por falar nisso o quadro que mais gosto � um que tem no Sal�o Nobre, de um diretor clone do Super Mario). Rebobinando: tudo naquele lugar grita para que transformemos nossa vida na melhor coisa que podemos fazer. Que sejamos felizes antes de sermos retratos. Fazer seus alunos pensar livremente! Simplesmente isso � o que provoca em n�s a simpatia pelo professor Keating. Isso induzia a ra�a e a vontade para realizar os sonhos em seus alunos.

Minha pergunta: se os fantasmas gritam, por que � que ningu�m escuta?

P.S.:Relendo isso aqui agora, me pareceu t�o chato como o tio Robin. E mais brega. Um dia conseguirei escrever sobre isso do jeito que eu sinto.
Tudo bem de novo no pa�s do am�m. Os coment�rios voltaram a funcionar. Algu�m me explica o que aconteceu?

2.5.02

P�xa, coloquei uma caixinha para coment�rios embaixo de todas as mensagens ontem. Hoje j� n�o est� funcionando. O site que gera o programa na net nem t� entrando. Dei uma olhada nas outras p�ginas que utilizam o mesmo servi�o e n�o est� funcionando em lugar nenhum. Menos mal. O pobrema num foi cumigo. As gonoran�a travanca os pogresso, mas o que travanc� agora foi o pogresso sozinho l� ele.



N�o deixem de clicar em cima do banner. Vai, clica!
Dear Sissi.

Foi lindo o seu e-mail. Fiquei at� sem palavras. (Vc tem que ver como estou besta e chorando por qualquer motivo..) Tenho pensado muito ultimamente que na vida tudo fracassou como chave secreta pra felicidade. Dinheiro n�o �, conhe�o um monte de gente milion�ria e triste (entenda conhe�o como for�a de express�o...). Nem beleza. Nem sucesso profissional. Nem aplausos.

Quando eu era adolescente achava que o que trazia a felicidade era o amor. Principiante em Baudelaire, tinha que estar embreagada de vinho, de poesia, de amor. Eu cresci, ganhei calos e cicatrizes. N�o posso mais posar de adolescente. Envelheci no corpo, aprendi a ver o amor como algo que n�o se bebe puro. Amar d� uma ressaca tremenda, e por semanas voc� n�o consegue encarar o sol e o mundo sem �culos escuros. Ou seja: no final, tamb�m � triste.

Sabe qual a �nica coisa que ainda faz todo mundo feliz? Ter amigos. Amigos e amigas, muitos, v�rios, de todas as cores, formas e tamanhos. E de todas as intensidades. Obrigada por ser meu amigo. E por sentir saudades.

Tamb�m estou com saudades.

1.5.02

O cartaz da Associa��o Nacional dos Criadores de Saci, eu peguei com o meu pai, que � s�cio-fundador, n�o �, pai?
Gente, voc�s t�m que ver que gracinha o menininho que fica de castigo l� embaixo no contador. (No espa�o azul.) Que gracinha...E perceberam que eu acrescentei link pra coment�rios? E habilitei o icq? T� ficando a cada dia mais esperta.
"A verdade que vos digo, � que no Maranh�o n�o h� verdade"
Padre Vieira- Serm�o da Quinta Dominga da Quaresma, S.Lu�s, 1654
Creda, at� parece eb�.