14.5.02

J� disse outra vez que o que atrapalha minha pregui�a atrapalha meu trabalho. Preciso de meu tempo para que possa me dar o resto do tempo. Preciso de descanso. Ah! Como preciso de ficar s�, comigo mesma, a contar nuvens. Como o apanhador no campo de centeio � leu esse livro? Vou te contar: tudo que o protagonista sabia que queria ser da vida era apanhador no campo de centeio. Apanhador de crian�as que viriam correndo em sua dire��o. - queria eu ser pastora de nuvens-carneirinhos. Como � doce o fazer nada!

Escrevi numa auto-avalia��o que �o in�til tem sua forma particular de utilidade. � a pausa, o refrig�rio, o descanso no desmedido desejo de racionalizar todos os atos de nossa vida sob o crit�rio exclusivo de efici�ncia, produtividade, rentabilidade e tal e coisa. T�o compensat�ria � essa pausa que o in�til acaba por se tornar da maior utilidade. � o gostar do �cio e assumi-lo criativo.

Aprendi a conviver comigo mesma. Me decifrei. E n�o adianta, sempre em mim est� presente o meu eterno partir na minha vontade enorme de ficar. O medo da mudan�a e o desejo de mudar.

Mas o que mora em mim n�o � um partir pro sert�o, pra uma casa nova ou coisa que o valha. � um partir pro Pa�s dos Espelhos, ou o das Maravilhas. Serve at� o pa�s do guarda-roupa, das gavetas. � isso: tem momentos que eu queria mesmo � me engavetar. E surgir logo depois, como uma roupa da qual a gente n�o se lembra mais mas que provoca quase um sorriso de satisfa��o quando a encontramos no fundo da gaveta.

Queria me engavetar para ressurgir nova e com cheiro de sach�.

Mas hoje estou pra margaridas.