30.4.03
29.4.03
pois sem voc� vou ficar loucoooo
houve um tempo... aquilo n�o era trabalho, n�o tinha chefe, nem funcion�rio e nem sal�rio. mas era um sonho de crian�a, um Bye Bye Brasil. vida era acordar cedo, comer p�o na padaria e ir procurar o padre para que emprestasse a sacristia pra passar divers�o. se n�o tinha sacristia era mesmo a escola ou a pra�a. as cadeiras vinham do grupo da terceira idade, ou da escola para a pra�a.
(uma vez um velhinho, 80 anos, ajudando a recolher as cadeiras tarde da noite, �n�o precisa�, �liga n�o, sempre fa�o isso l� na terceira idade�. ai, ai... )
aprendi a gostar de outros gostos. a enxergar as coisas diferentes com uma curiosidade maior que a do gato. hoje ganhei a trilha sonora de uma dessas divers�es.
v� s� se existe melhor que essa pra fazer faxina? entre o vasculhar o teto e o varrer a quina a vassoura serve de microfone - 'eu vou rifar meu cora��o, vou fazer leil�o' - e a gente ri e a vida fica mais feliz.
Dom�sticas, A Trilha
1 - Eu Vou Rifar Meu Cora��o (Lindomar Castilho)
2 - N�o Se V� (Jane e Horondy)
3 - Domingo Feliz (Angelo M�ximo)
4 - Eu N�o Sou Cachorro, N�o (Waldick Soriano)
5 - A Namorada que Sonhei (Nilton C�sar)
6 - Filho (Amado Batista)
7 - Ama-me (Jane e Herondy)
8 - Voc� � Tudo Pra Mim (Angelo M�ximo)
9 - Voc� � Doida Demais (Lindomar Castilho)
10 - Estrada do Sol (Perla)
11 - Me Deixe Te Esquecer (Gilliard)
12 - Tenho (Sidney Magal)
houve um tempo... aquilo n�o era trabalho, n�o tinha chefe, nem funcion�rio e nem sal�rio. mas era um sonho de crian�a, um Bye Bye Brasil. vida era acordar cedo, comer p�o na padaria e ir procurar o padre para que emprestasse a sacristia pra passar divers�o. se n�o tinha sacristia era mesmo a escola ou a pra�a. as cadeiras vinham do grupo da terceira idade, ou da escola para a pra�a.
(uma vez um velhinho, 80 anos, ajudando a recolher as cadeiras tarde da noite, �n�o precisa�, �liga n�o, sempre fa�o isso l� na terceira idade�. ai, ai... )
aprendi a gostar de outros gostos. a enxergar as coisas diferentes com uma curiosidade maior que a do gato. hoje ganhei a trilha sonora de uma dessas divers�es.
v� s� se existe melhor que essa pra fazer faxina? entre o vasculhar o teto e o varrer a quina a vassoura serve de microfone - 'eu vou rifar meu cora��o, vou fazer leil�o' - e a gente ri e a vida fica mais feliz.
Dom�sticas, A Trilha
1 - Eu Vou Rifar Meu Cora��o (Lindomar Castilho)
2 - N�o Se V� (Jane e Horondy)
3 - Domingo Feliz (Angelo M�ximo)
4 - Eu N�o Sou Cachorro, N�o (Waldick Soriano)
5 - A Namorada que Sonhei (Nilton C�sar)
6 - Filho (Amado Batista)
7 - Ama-me (Jane e Herondy)
8 - Voc� � Tudo Pra Mim (Angelo M�ximo)
9 - Voc� � Doida Demais (Lindomar Castilho)
10 - Estrada do Sol (Perla)
11 - Me Deixe Te Esquecer (Gilliard)
12 - Tenho (Sidney Magal)
a alma encantadora das ruas
�Para compreender a psicologia da rua (...) � preciso ter esp�rito vagabundo, cheio de curiosidades mals�s e os nervos com um perp�tuo desejo incompreens�vel, � preciso ser aquele que chamamos fl�neur e praticar o mais interessante dos esportes � a arte de flanar. � fatigante o exerc�cio? (...) Para os iniciados sempre foi grande regalo.
� vagabundagem? Talvez. Flanar � a distin��o de perambular com intelig�ncia. Nada como o in�til para ser art�stico. Da� o desocupado fl�neur ter sempre na mente dez mil coisas necess�rias, imprescind�veis, que podem ficar eternamente adiadas. Do alto de uma janela como Paul Adam, admira o caleidosc�pio da vida no ep�tome delirante que � a rua; � porta do caf�, como Poe no Homem da Multid�es, dedica-se ao exerc�cio de adivinhar as profiss�es, as preocupa��es e at� os crimes dos transeuntes.�
Jo�o do Rio
�Para compreender a psicologia da rua (...) � preciso ter esp�rito vagabundo, cheio de curiosidades mals�s e os nervos com um perp�tuo desejo incompreens�vel, � preciso ser aquele que chamamos fl�neur e praticar o mais interessante dos esportes � a arte de flanar. � fatigante o exerc�cio? (...) Para os iniciados sempre foi grande regalo.
� vagabundagem? Talvez. Flanar � a distin��o de perambular com intelig�ncia. Nada como o in�til para ser art�stico. Da� o desocupado fl�neur ter sempre na mente dez mil coisas necess�rias, imprescind�veis, que podem ficar eternamente adiadas. Do alto de uma janela como Paul Adam, admira o caleidosc�pio da vida no ep�tome delirante que � a rua; � porta do caf�, como Poe no Homem da Multid�es, dedica-se ao exerc�cio de adivinhar as profiss�es, as preocupa��es e at� os crimes dos transeuntes.�
Jo�o do Rio
28.4.03
estranhezas, ou the odds of that
Indagado por agentes federais sobre a raz�o do seu mete�rico sucesso nas Bolsas de Valores americanas (em duas semanas transformou 800 d�lares em 350 milh�es) Andrew Carlssin, um investidor de 44 anos, confessou que era um viajante do tempo proveniente de 2256.
Como prova do seu testemunho, o turista detalhou alguns "fatos hist�ricos" tais como a cura da AIDS e o paradeiro de Osama Bin Laden. Recusou-se entretanto a revelar detalhes tecnol�gicos da m�quina que o trouxe at� aqui. O mais intrigante � que os agentes ainda n�o encontraram nenhum registro existente sobre qualquer Andrew Carlssin antes de dezembro de 2002.
A reportagem completa : "Time-traveler busted for insider trading"
Li primeiro aqui.
Indagado por agentes federais sobre a raz�o do seu mete�rico sucesso nas Bolsas de Valores americanas (em duas semanas transformou 800 d�lares em 350 milh�es) Andrew Carlssin, um investidor de 44 anos, confessou que era um viajante do tempo proveniente de 2256.
Como prova do seu testemunho, o turista detalhou alguns "fatos hist�ricos" tais como a cura da AIDS e o paradeiro de Osama Bin Laden. Recusou-se entretanto a revelar detalhes tecnol�gicos da m�quina que o trouxe at� aqui. O mais intrigante � que os agentes ainda n�o encontraram nenhum registro existente sobre qualquer Andrew Carlssin antes de dezembro de 2002.
A reportagem completa : "Time-traveler busted for insider trading"
Li primeiro aqui.
not�cias
Vivo num tempo el�stico e, definitivamente, n�o sou nem sei a bola da vez. Quando li - no banheiro - a not�cia da morte de M�rio Covas e sa� chorando recebi um riso em troca, mas j� faz uma semana! N�o vi o nascimento da Sacha e s� vi os avi�es se chocarem com o World Trade Center por causa de uma dor de cabe�a que me deixou de cama. Vantagem? S� a de n�o perder a capacidade de me admirar com uma not�cia antiga, principalmente por um esquecimento que me faz admirar tr�s vezes com a mesma not�cia.
Continuo sendo uma boa companhia para papos de bar. Como diz A., bom mesmo � poder cansar de tanto me ouvir escutar.
Mas vou fazer um esforcinho pra saber o que estar� nos consult�rios dos dentistas daqui uns dois anos.
Veja
Frases
* "Gostaria de pedir que baixem as faixas, inclusive a gloriosa Liga Oper�ria, que de oper�rio, que � bom..."
Luiz In�cio Lula da Silva, presidente da Rep�blica, em Ouro Preto, ironizando um grupo de manifestantes
* "Por alguma raz�o, nada me parece t�o l�brico e devasso quanto an�es besuntados numa orgia. Mas n�o falo por experi�ncia."
Luiz Fernando Verissimo, em entrevista � revista Oi de abril
Holofote
* Divulgada: a condena��o da atriz iraniana Gowhar Kheirandish a 74 chicotadas, por beijar em p�blico o rosto de um ator. O cumprimento ocorreu durante um festival de cinema e provocou protestos. A lei isl�mica pro�be contatos em p�blico entre homens e mulheres que n�o sejam parentes. O beijo � considerado uma das maiores transgress�es. Gowhar s� levar� a surra se repetir o ato. Dia 23, em Teer�.
* Nina Simone morreu no dia 21, em Carry-le-Rouet, Fran�a, de causa n�o revelada. Nos �ltimos anos, ia para o palco numa cadeira de rodas.
P�ginas Amarelas
"O principal papel do romance, ao menos nos Estados Unidos, sempre foi educar." Scott Turow
Ah t�.
T� mau e t� bom. Vou voltar ao Cyrano de Bergerac. (Ai meu Deus, de novo n�o.)
Vivo num tempo el�stico e, definitivamente, n�o sou nem sei a bola da vez. Quando li - no banheiro - a not�cia da morte de M�rio Covas e sa� chorando recebi um riso em troca, mas j� faz uma semana! N�o vi o nascimento da Sacha e s� vi os avi�es se chocarem com o World Trade Center por causa de uma dor de cabe�a que me deixou de cama. Vantagem? S� a de n�o perder a capacidade de me admirar com uma not�cia antiga, principalmente por um esquecimento que me faz admirar tr�s vezes com a mesma not�cia.
Continuo sendo uma boa companhia para papos de bar. Como diz A., bom mesmo � poder cansar de tanto me ouvir escutar.
Mas vou fazer um esforcinho pra saber o que estar� nos consult�rios dos dentistas daqui uns dois anos.
Veja
Frases
* "Gostaria de pedir que baixem as faixas, inclusive a gloriosa Liga Oper�ria, que de oper�rio, que � bom..."
Luiz In�cio Lula da Silva, presidente da Rep�blica, em Ouro Preto, ironizando um grupo de manifestantes
* "Por alguma raz�o, nada me parece t�o l�brico e devasso quanto an�es besuntados numa orgia. Mas n�o falo por experi�ncia."
Luiz Fernando Verissimo, em entrevista � revista Oi de abril
Holofote
* Divulgada: a condena��o da atriz iraniana Gowhar Kheirandish a 74 chicotadas, por beijar em p�blico o rosto de um ator. O cumprimento ocorreu durante um festival de cinema e provocou protestos. A lei isl�mica pro�be contatos em p�blico entre homens e mulheres que n�o sejam parentes. O beijo � considerado uma das maiores transgress�es. Gowhar s� levar� a surra se repetir o ato. Dia 23, em Teer�.
* Nina Simone morreu no dia 21, em Carry-le-Rouet, Fran�a, de causa n�o revelada. Nos �ltimos anos, ia para o palco numa cadeira de rodas.
P�ginas Amarelas
"O principal papel do romance, ao menos nos Estados Unidos, sempre foi educar." Scott Turow
Ah t�.
T� mau e t� bom. Vou voltar ao Cyrano de Bergerac. (Ai meu Deus, de novo n�o.)
27.4.03
pena
- Voc� me sufoca, com essa mania louca de n�o dizer nada, mas com um olhar de quem diz tudo. Voc� me desorienta com essas ambig�idades. N�o sei como agir. Voc� se mostra como uma pessoa apaixonada, deliciosamente entregue. Est� tudo nos seus olhos. Voc� me seduz com palavras doces. Voc� me envolve e depois n�o diz nada. Sil�ncio. Sil�ncio. Sil�ncio. Eu quero que sua boca assuma o compromisso firmado pelos seus olhares, quero que seu corpo cumpra com o pactuado pelo gestual.
- Tenho receio de falar...
- � esse seu medo que alimenta minha paix�o, que nutre meus mais profundos e ineg�veis sentimentos. � esse receio inexplic�vel que a faz emudecer, e � mesma propor��o provoca uma gritaria dentro de mim. N�o consigo viver nessa situa��o de ang�stia, de n�o-dizeres, de sil�ncios e imagina��es. Quero a verdade, quero defini��es, quero objetividade. Eu quero uma resposta para tudo que eu sinto e vivo!
- Mesmo?
- Sim, quero isso! Acho que mere�o. Acho que diante de tudo que sinto ao menos uma explica��o eu mere�o. Tenho direito de saber qual o destino disso tudo que sinto, sinto-me em condi��o de ter acesso a essa informa��o. Por favor, diga para mim. Fala sobre seu olhar, seu sil�ncio, seus gestos. N�o pergunte se pode, fa�a! N�o pe�a permiss�o, invada! N�o tente ser sutil, arrase!
- Olha, ent�o vou falar...
- Fala tudo!
- Pois bem... Voc� � uma pessoa paran�ica, que simplesmente inventou um amor criado exclusivamente na sua cabe�a. Nunca passei de um olhar, porque n�o quis passar de um olhar. Ali�s, nunca olhei para voc� de modo diferente com que olho para as outras coisas. Queria que olhasse de olhos fechados? Ou prefere que fale sem olhar para voc�? J� lhe ocorreu que tenho boca e que, por acaso, n�o sou uma pessoa t�mida? J� passou pela sua cabe�a que est� mais do que na cara essa sua inten��o? Por algum acaso voc� j� tentou supor que eu teria simplesmente dito tudo isso que voc� acredita que eu possa sentir, caso fosse verdade?
- ...
- Agora fica a�... Esse sil�ncio rid�culo de quem n�o aceita o mundo real.
- Voc� me sufoca, com essa mania louca de n�o dizer nada, mas com um olhar de quem diz tudo. Voc� me desorienta com essas ambig�idades. N�o sei como agir. Voc� se mostra como uma pessoa apaixonada, deliciosamente entregue. Est� tudo nos seus olhos. Voc� me seduz com palavras doces. Voc� me envolve e depois n�o diz nada. Sil�ncio. Sil�ncio. Sil�ncio. Eu quero que sua boca assuma o compromisso firmado pelos seus olhares, quero que seu corpo cumpra com o pactuado pelo gestual.
- Tenho receio de falar...
- � esse seu medo que alimenta minha paix�o, que nutre meus mais profundos e ineg�veis sentimentos. � esse receio inexplic�vel que a faz emudecer, e � mesma propor��o provoca uma gritaria dentro de mim. N�o consigo viver nessa situa��o de ang�stia, de n�o-dizeres, de sil�ncios e imagina��es. Quero a verdade, quero defini��es, quero objetividade. Eu quero uma resposta para tudo que eu sinto e vivo!
- Mesmo?
- Sim, quero isso! Acho que mere�o. Acho que diante de tudo que sinto ao menos uma explica��o eu mere�o. Tenho direito de saber qual o destino disso tudo que sinto, sinto-me em condi��o de ter acesso a essa informa��o. Por favor, diga para mim. Fala sobre seu olhar, seu sil�ncio, seus gestos. N�o pergunte se pode, fa�a! N�o pe�a permiss�o, invada! N�o tente ser sutil, arrase!
- Olha, ent�o vou falar...
- Fala tudo!
- Pois bem... Voc� � uma pessoa paran�ica, que simplesmente inventou um amor criado exclusivamente na sua cabe�a. Nunca passei de um olhar, porque n�o quis passar de um olhar. Ali�s, nunca olhei para voc� de modo diferente com que olho para as outras coisas. Queria que olhasse de olhos fechados? Ou prefere que fale sem olhar para voc�? J� lhe ocorreu que tenho boca e que, por acaso, n�o sou uma pessoa t�mida? J� passou pela sua cabe�a que est� mais do que na cara essa sua inten��o? Por algum acaso voc� j� tentou supor que eu teria simplesmente dito tudo isso que voc� acredita que eu possa sentir, caso fosse verdade?
- ...
- Agora fica a�... Esse sil�ncio rid�culo de quem n�o aceita o mundo real.
26.4.03
esquecer, lembrar
escrever um diário me torna testemunha da minha própria história. não escrevo tudo: filtro. mas o filtro é peneira de palha de batear feijão. e isso.
ou aquilo quando vida vem fantasiada de outra vida. mas é mesmo minha.
as maiores lonjuras de minha vida ficam aqui, canastrinha. aí, entre portos, abro o baú e finjo que o choro é alergia.
arquivo I
Costurou bandeiras na mochila. Cortava a linha com os dentes. Fazia novo noh, com o polegar e o indicador deslizando um sobre o outro, enquanto pensava na avoh com carinho e saudade. Os olhinhos apertados que ela tinha, o cheiro de Lavanda Pop. Olhou a costura e deixou escapar um sorriso, a avoh nao aprovaria. Nada parecido com seus bordados. Mas era parecido com infancia, vestidos de boneca feitos antes da descoberta do avesso, festas juninas e retalhos costurados na calcas jeans.
(Trancas. Flores vermelhas feitas de tecido na ponta das trancas. A sapatilha de lantejoulas coloridas que o avo trouxe de viagem pra longe. Uma foto em que teve que sorrir, mas que ficou mesmo parecendo uma careta, mais condizente com a tristeza de dentro. Naquele tempo jah sentia odio mas ainda nao sabia o que era isso.)
O avo. Pensou no presente que queria dar de Natal. Um livro que contasse do mundo. De um jeito diferente daquele de Monteiro Lobato.
(Historia do Mundo para Criancas, Nosso Amiguinho, pirulitos em forma de bico... O avo era feito de infancia. Uma fada fez com que sentisse cheiro do dia em que aprendeu a andar de bicicleta. Olhou pra traz e viu a mao do avo na garupa.)
Deu o ultimo noh. Ficou bonito. Lembrou da epoca em que descobriu o bonito.
(A cor do doce de banana, de um vinho brilhante. O sorriso de Maria, que nao era feito de boca, mas de felicidade. Um certo livro de capa vermelha. Uma garrafa de vinho guardada ate virar vinagre, com uma embalagem de desenhos azuis. As montanhas de pedras grandes, atras da casa. O vestido branco de florzinhas pequeninas, coloridas, dado pela tia. Lembrou que a avoh ainda o guarda. O mundo se dividia entre os que a protegiam; e a Magoa. Muitos eram os que a protegiam. Fez uma oracao em forma de suspiro, sorriu um sorriso triste.)
Abriu a cortina, soprou os pensamentos pra fora da janela.
Apagou as luzes, ajeitou o travesseiro. Era baixo, precisou dobra-lo.
Tentou dormir. Nao conseguiu.
arquivo II
Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos de outras terras, queria mesmo neste instante era voltar.
Em minhas andancas eu quase nunca soube se estava fugindo de uma coisa ou cacando outra. Nessa brincadeira passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida. E as vezes reparamos que eh ela que se vai, e nos (as vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando.
Ha, e nao vale a pena esconder nem esquecer isso, aqueles momentos de solidao e de morno desespero, aquela surda saudade que nao e de terra nem de gente, e eh de tudo, eh de um ar em que se fica mais distraida, eh de um cheiro antigo de chuva na terra da infancia, eh de qualquer coisa esquecida e humilde - moleque passando na bicicleta assobiando samba, goiabeira, peteca, conversa mole, quebra-queixo. Mas entao as bobagens do estrangeiro nao rimam com a gente, e as ruas sao hostis e as casas se fecham com egoismo, e a alegria dos outros que passam rindo e falando alto sua lingua doi como bofetada injusta.
escrever um diário me torna testemunha da minha própria história. não escrevo tudo: filtro. mas o filtro é peneira de palha de batear feijão. e isso.
ou aquilo quando vida vem fantasiada de outra vida. mas é mesmo minha.
as maiores lonjuras de minha vida ficam aqui, canastrinha. aí, entre portos, abro o baú e finjo que o choro é alergia.
arquivo I
Costurou bandeiras na mochila. Cortava a linha com os dentes. Fazia novo noh, com o polegar e o indicador deslizando um sobre o outro, enquanto pensava na avoh com carinho e saudade. Os olhinhos apertados que ela tinha, o cheiro de Lavanda Pop. Olhou a costura e deixou escapar um sorriso, a avoh nao aprovaria. Nada parecido com seus bordados. Mas era parecido com infancia, vestidos de boneca feitos antes da descoberta do avesso, festas juninas e retalhos costurados na calcas jeans.
(Trancas. Flores vermelhas feitas de tecido na ponta das trancas. A sapatilha de lantejoulas coloridas que o avo trouxe de viagem pra longe. Uma foto em que teve que sorrir, mas que ficou mesmo parecendo uma careta, mais condizente com a tristeza de dentro. Naquele tempo jah sentia odio mas ainda nao sabia o que era isso.)
O avo. Pensou no presente que queria dar de Natal. Um livro que contasse do mundo. De um jeito diferente daquele de Monteiro Lobato.
(Historia do Mundo para Criancas, Nosso Amiguinho, pirulitos em forma de bico... O avo era feito de infancia. Uma fada fez com que sentisse cheiro do dia em que aprendeu a andar de bicicleta. Olhou pra traz e viu a mao do avo na garupa.)
Deu o ultimo noh. Ficou bonito. Lembrou da epoca em que descobriu o bonito.
(A cor do doce de banana, de um vinho brilhante. O sorriso de Maria, que nao era feito de boca, mas de felicidade. Um certo livro de capa vermelha. Uma garrafa de vinho guardada ate virar vinagre, com uma embalagem de desenhos azuis. As montanhas de pedras grandes, atras da casa. O vestido branco de florzinhas pequeninas, coloridas, dado pela tia. Lembrou que a avoh ainda o guarda. O mundo se dividia entre os que a protegiam; e a Magoa. Muitos eram os que a protegiam. Fez uma oracao em forma de suspiro, sorriu um sorriso triste.)
Abriu a cortina, soprou os pensamentos pra fora da janela.
Apagou as luzes, ajeitou o travesseiro. Era baixo, precisou dobra-lo.
Tentou dormir. Nao conseguiu.
arquivo II
Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos de outras terras, queria mesmo neste instante era voltar.
Em minhas andancas eu quase nunca soube se estava fugindo de uma coisa ou cacando outra. Nessa brincadeira passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida. E as vezes reparamos que eh ela que se vai, e nos (as vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando.
Ha, e nao vale a pena esconder nem esquecer isso, aqueles momentos de solidao e de morno desespero, aquela surda saudade que nao e de terra nem de gente, e eh de tudo, eh de um ar em que se fica mais distraida, eh de um cheiro antigo de chuva na terra da infancia, eh de qualquer coisa esquecida e humilde - moleque passando na bicicleta assobiando samba, goiabeira, peteca, conversa mole, quebra-queixo. Mas entao as bobagens do estrangeiro nao rimam com a gente, e as ruas sao hostis e as casas se fecham com egoismo, e a alegria dos outros que passam rindo e falando alto sua lingua doi como bofetada injusta.
Aquele um. Uns 50 anos, budista. Ganhou dinheiro na vida pra não precisar ganhar mais. Aquele homem. De-cocorados na pirambeira, n�s: olhando o horizonte.
- O que é melhor da vida? é o silêncio, um intervalo.
- Amigos, gostar deles, sentir falta. Conversa fiada, pra pagar depois com moeda oi, suas queridas alegriazinhas.
.
.
.
- E o silêncio trocado assim, por outro silêncio, matuto eu.
(E abrimos lonjuras e profundidades nuns sorrisos. Estamos todos certos.)
25.4.03
23.4.03
21.4.03
princesas
No quando em que ela me media em poucos palmos me ensinou tamb�m a tampar os ouvidos sem usar as m�os. Reinventava os irm�os Grimm e me protegia do escuro.
Eu sonhava que ela era uma princesa n�bia - ainda n�o sei o que � uma princesa n�bia, mas parecia digno.
Ela me fez perder o medo dos bichos-pregui�a que me pareciam monstros mais perigosos que o jacarepagu� ou a cuca. Hoje me segredou que tamb�m tinha medo delas, as pregui�as que moravam nas �rvores na frente da casa, e seus olhos verde-folha de princesa n�bia rebrilharam de passado.
No quando em que ela me media em poucos palmos me ensinou tamb�m a tampar os ouvidos sem usar as m�os. Reinventava os irm�os Grimm e me protegia do escuro.
Eu sonhava que ela era uma princesa n�bia - ainda n�o sei o que � uma princesa n�bia, mas parecia digno.
Ela me fez perder o medo dos bichos-pregui�a que me pareciam monstros mais perigosos que o jacarepagu� ou a cuca. Hoje me segredou que tamb�m tinha medo delas, as pregui�as que moravam nas �rvores na frente da casa, e seus olhos verde-folha de princesa n�bia rebrilharam de passado.
17.4.03
O que ele segundas vezes dera a entender, atravessando em meias palavras: que uma criatura entre todos os melindres crescida e acostumada, que certamente havia de definhar, caso n�o tivessem com ela a servi�ncia desses tratos - conforme que planta alegrete, quando se demuda, carece de vir com o grosso da terra pr�pria das ra�zes, como protesta��o.
G.R.
G.R.
16.4.03
Saddam Hussein
"O presidente iraquiano n�o assina seus livros, por sinal, at� agora, dois romances.
Eles trazem estampado na capa apenas a seguinte tautologia: "Um livro escrito pelo seu autor"."
"O presidente iraquiano n�o assina seus livros, por sinal, at� agora, dois romances.
Eles trazem estampado na capa apenas a seguinte tautologia: "Um livro escrito pelo seu autor"."
15.4.03
jardins suspensos da babil�nia
Minha primeira mem�ria visual de Ouro Preto foi um jardim suspenso de hort�nsias, as flores se erguiam acima das nossas cabe�as, acima de um muro de canga � uma pedra t�pica dos muros da cidade. Essa maravilha ficava ainda na principal ladeira de Ouro Preto, no come�o da Rua Direita.
Nos mudamos para a casinha amarela ao lado do jardim, e a florada de hort�nsias e o cheiro dos pessegueiros tornava a vida mais f�cil.
Um dia, pra ter tamb�m meu pr�prio jardim suspenso, quis colocar uma daquelas jardineiras de ferro na janela da casa. Liguei pro IPHAN.
(Sabe aquela moda de pintar as casas de �ocre�? O IPHAN, Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional de Ouro Preto n�o permitiu que chegasse � cidade. Acertadamente, n�o se pode intervir na fachada das casas, nem nas cores. Nunca entendi aquela casinha amarela.)
- Oi. Gostaria de colocar umas jardineiras com flores nas janelas, posso?
- Onde voc� mora?
(dei o endere�o)
- Ah, bem, n�o � comigo. Me d� seu telefone que eu retorno.
Nunca retornaram e acabei por desistir dos meus jardins suspensos. Ah, e o jardim de hort�nsias virou um estacionamento com entrada pela rua de tr�s.
Minha primeira mem�ria visual de Ouro Preto foi um jardim suspenso de hort�nsias, as flores se erguiam acima das nossas cabe�as, acima de um muro de canga � uma pedra t�pica dos muros da cidade. Essa maravilha ficava ainda na principal ladeira de Ouro Preto, no come�o da Rua Direita.
Nos mudamos para a casinha amarela ao lado do jardim, e a florada de hort�nsias e o cheiro dos pessegueiros tornava a vida mais f�cil.
Um dia, pra ter tamb�m meu pr�prio jardim suspenso, quis colocar uma daquelas jardineiras de ferro na janela da casa. Liguei pro IPHAN.
(Sabe aquela moda de pintar as casas de �ocre�? O IPHAN, Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional de Ouro Preto n�o permitiu que chegasse � cidade. Acertadamente, n�o se pode intervir na fachada das casas, nem nas cores. Nunca entendi aquela casinha amarela.)
- Oi. Gostaria de colocar umas jardineiras com flores nas janelas, posso?
- Onde voc� mora?
(dei o endere�o)
- Ah, bem, n�o � comigo. Me d� seu telefone que eu retorno.
Nunca retornaram e acabei por desistir dos meus jardins suspensos. Ah, e o jardim de hort�nsias virou um estacionamento com entrada pela rua de tr�s.
barata atr�s da orelha
N�o sou de polemizar, nem de alimentar pol�micas. Este n�o � o meu tom. Mas � ineg�vel que �foi fogo colocado� foi uma frase que escapuliu da minha boca � primeira not�cia. Meu pai disse �quem seria capaz? � colocar fogo em dinheiro e cultura ao mesmo tempo.�
Volto atr�s uns tr�s anos e lembro da reforma do casar�o que hoje � uma pousada de luxo ao lado do bar das coxinhas � copo sujo tradicional. N�o se pode intervir nas fachadas, tudo pode ser modificado por dentro, mas na frente, nada. Ent�o as reformas nas casas de pau-a-pique s�o feitas escorando-se as fachadas enquanto o resto � posto � baixo. Acontece que esse escoramento tem que ser feito por fora, nas cal�adas, que s�o estreitas nesta cidade colonial. Ent�o, a interven��o no fluxo de pessoas � multada em mais de mil reais POR DIA.
O custo das reformas � alt�ssimo e, diferentemente de Salvador, onde a prefeitura ajuda financeiramente nas reformas das casas do centro hist�rico, em Ouro Preto o IPHAN � pobre de recursos e rico de cobran�as. Correto, mas pouco construtivo e de parcos resultados.
Com o alto custo das reformas e o alto retorno dos seguros n�o � de se admirar que suic�dios disfar�ados de acidentes aconte�am.
N�o sou de polemizar, nem de alimentar pol�micas. Este n�o � o meu tom. Mas � ineg�vel que �foi fogo colocado� foi uma frase que escapuliu da minha boca � primeira not�cia. Meu pai disse �quem seria capaz? � colocar fogo em dinheiro e cultura ao mesmo tempo.�
Volto atr�s uns tr�s anos e lembro da reforma do casar�o que hoje � uma pousada de luxo ao lado do bar das coxinhas � copo sujo tradicional. N�o se pode intervir nas fachadas, tudo pode ser modificado por dentro, mas na frente, nada. Ent�o as reformas nas casas de pau-a-pique s�o feitas escorando-se as fachadas enquanto o resto � posto � baixo. Acontece que esse escoramento tem que ser feito por fora, nas cal�adas, que s�o estreitas nesta cidade colonial. Ent�o, a interven��o no fluxo de pessoas � multada em mais de mil reais POR DIA.
O custo das reformas � alt�ssimo e, diferentemente de Salvador, onde a prefeitura ajuda financeiramente nas reformas das casas do centro hist�rico, em Ouro Preto o IPHAN � pobre de recursos e rico de cobran�as. Correto, mas pouco construtivo e de parcos resultados.
Com o alto custo das reformas e o alto retorno dos seguros n�o � de se admirar que suic�dios disfar�ados de acidentes aconte�am.
14.4.03
futuros, presentes e passados
N�o importa que a tenham demolido:
A gente continua morando na velha casa em que nasceu.
M�rio Quintana
reciclagem de post
Escrevi esse texto h� muito tempo atr�s. N�o mudei. Ainda sinto saudades de n�o-sei-o-qu�. N�o falo muito bem o franc�s.
"Me sinto sempre repetitiva. Nunca vou ser avant gard. Sou esgar�ada e sou sint�tica. Fa�o s�ntese dos outros. Sou pl�gio. N�o sou moda. N�o inventarei uma nouvelle vague. Nunca falarei franc�s. Afora isso tenho em mim uma sede que n�o se farta nunca. Sinto falta do que n�o conhe�o e no mesmo peito guardo um desejo enorme de s� saber de cheiro de hortel�. Mais nada quero. Talvez capim-lim�o.
Quero dormir de flanela e acordar de orvalho. Acordar de amor e de cheiro de p�o quente e caf� coado. Acordar de amada." Jan/01
A gente continua morando na velha casa em que nasceu.
M�rio Quintana
reciclagem de post
Escrevi esse texto h� muito tempo atr�s. N�o mudei. Ainda sinto saudades de n�o-sei-o-qu�. N�o falo muito bem o franc�s.
"Me sinto sempre repetitiva. Nunca vou ser avant gard. Sou esgar�ada e sou sint�tica. Fa�o s�ntese dos outros. Sou pl�gio. N�o sou moda. N�o inventarei uma nouvelle vague. Nunca falarei franc�s. Afora isso tenho em mim uma sede que n�o se farta nunca. Sinto falta do que n�o conhe�o e no mesmo peito guardo um desejo enorme de s� saber de cheiro de hortel�. Mais nada quero. Talvez capim-lim�o.
Quero dormir de flanela e acordar de orvalho. Acordar de amor e de cheiro de p�o quente e caf� coado. Acordar de amada." Jan/01
12.4.03
10.4.03
lavoisier
Fico pensando... pra quem � que eu escrevo? Sinto estranhezas, quando em vez. Se escrevo pra mim, por qu� me importo tanto em ocultar vagalumezinhos de segredos? Mas, distra�da, revelo afastadas coisas, que se ocultavam de meu pr�prio pensamento.
Pensava nisso, e como nos atos falhos descritos pelos psicanalistas abri um livro.Tu, que me l�s, est�s seguro de que entende minha linguagem? Nada em mim � novidade. Nem as minhas d�vidas. O trecho � dA Biblioteca de Babel, Jorge L. Borges. A marca��o torta, feita com aqueles l�pis de miolo escuro e pintura verde, t�o f�ceis de achar nas minhas gavetas.
(J., o que eu (n�o) disse no �ltimo post: a boca que escarra � a mesma que beija.)
Fico pensando... pra quem � que eu escrevo? Sinto estranhezas, quando em vez. Se escrevo pra mim, por qu� me importo tanto em ocultar vagalumezinhos de segredos? Mas, distra�da, revelo afastadas coisas, que se ocultavam de meu pr�prio pensamento.
Pensava nisso, e como nos atos falhos descritos pelos psicanalistas abri um livro.Tu, que me l�s, est�s seguro de que entende minha linguagem? Nada em mim � novidade. Nem as minhas d�vidas. O trecho � dA Biblioteca de Babel, Jorge L. Borges. A marca��o torta, feita com aqueles l�pis de miolo escuro e pintura verde, t�o f�ceis de achar nas minhas gavetas.
(J., o que eu (n�o) disse no �ltimo post: a boca que escarra � a mesma que beija.)
9.4.03
by Cartier-Bresson
guerra
eu
estou
te pedindo
querida � pra
que mais poderia um
n�o mas n�o � o que
claro mas voc� n�o parece
entender que eu n�o posso ser
mais claro a guerra n�o � o que
imaginamos mas por favor pelo amor de Oh
que diabo sim � verdade que fui
eu mas esse eu n�o sou eu
voc� n�o v� que agora n�o nem
sequer cristo mas voc�
precisa compreender
como porque
eu estou
morto
e.e.cummings
fim de novela
A primeira vez que ouvi falar de Ana N�ri foi "enfermeira, 7 letras?". Respondeu minha m�e, que tinha por v�cio herdado as pavalvras cruzadas, enciclop�dias e o Almanaque Abril. Foi muma daquelas enciclop�dias de livros pesados com capa vermelha que li pra logo esquecer sobre Anita Garibaldi.
Na It�lia (P�dova?) vi uma est�tua eq�estre que me voltou o passo. Era Garibaldi e um agradecimento � Anita. Continuo a tomar o rem�dio pra mem�ria, mas n�o � um problema s� meu.
(Ai meu Deus, ser� que toda essa fase � mais Huperzia serrata que volta pra casa?)
A primeira vez que ouvi falar de Ana N�ri foi "enfermeira, 7 letras?". Respondeu minha m�e, que tinha por v�cio herdado as pavalvras cruzadas, enciclop�dias e o Almanaque Abril. Foi muma daquelas enciclop�dias de livros pesados com capa vermelha que li pra logo esquecer sobre Anita Garibaldi.
Na It�lia (P�dova?) vi uma est�tua eq�estre que me voltou o passo. Era Garibaldi e um agradecimento � Anita. Continuo a tomar o rem�dio pra mem�ria, mas n�o � um problema s� meu.
(Ai meu Deus, ser� que toda essa fase � mais Huperzia serrata que volta pra casa?)
8.4.03
caixa de entrada
"por aqui as coisas vao indo, hora otimas, hora pessimas e na maioria das vezes mais ou menos, como em qualquer lugar... acho que a diferenca eh que agora caminho para um estado de maior tranquilidade comigo e com o tanto que a vida eh besta mesmo... a gente empolga, ri ateh dar dor de barriga, depois sooofre, quer morrer, come um balde de pudim de vanilla e volta tudo ao normal..."
(Minha irm�zinha � assim... acha que n�o existe nada nesse mundo que mere�a mai�sculas. Eu acho que ELA merece.)
"por aqui as coisas vao indo, hora otimas, hora pessimas e na maioria das vezes mais ou menos, como em qualquer lugar... acho que a diferenca eh que agora caminho para um estado de maior tranquilidade comigo e com o tanto que a vida eh besta mesmo... a gente empolga, ri ateh dar dor de barriga, depois sooofre, quer morrer, come um balde de pudim de vanilla e volta tudo ao normal..."
(Minha irm�zinha � assim... acha que n�o existe nada nesse mundo que mere�a mai�sculas. Eu acho que ELA merece.)
nem tudo que eu gosto eu como
Mais que um doce, quase um artesanato. Cortavam-se tiras finas de mam�o verde que eram cuidadosamente transformadas em rolinhos. Os rolinhos eram costurados para que n�o se desfizessem. No dia da feitura o ch�o da cozinha era forrado com folhas de jornais, n�o sei se por por culpa do doce de banana, que por uma tradi��o inventada era produzido no mesmo dia e soltava seus tiros vermelhos para o alto.
Os bordadinhos de mam�o eram cozidos numa calda doce e depois ocupavam as compoteiras que s� sa�am do repouso na cristaleira para esse fim.
- N�o vai comer seu doce favorito? Fiz pra voc�!
- Mas... eu n�o gosto desse doce.
- Como? Gostava tanto quando era pequena...
- Ah... eu gostava era de ver.
(Neste dia se decobriu que ningu�m gostava do doce. Todo mundo aqui em casa gostava mesmo era do artesnato.)
Mais que um doce, quase um artesanato. Cortavam-se tiras finas de mam�o verde que eram cuidadosamente transformadas em rolinhos. Os rolinhos eram costurados para que n�o se desfizessem. No dia da feitura o ch�o da cozinha era forrado com folhas de jornais, n�o sei se por por culpa do doce de banana, que por uma tradi��o inventada era produzido no mesmo dia e soltava seus tiros vermelhos para o alto.
Os bordadinhos de mam�o eram cozidos numa calda doce e depois ocupavam as compoteiras que s� sa�am do repouso na cristaleira para esse fim.
- N�o vai comer seu doce favorito? Fiz pra voc�!
- Mas... eu n�o gosto desse doce.
- Como? Gostava tanto quando era pequena...
- Ah... eu gostava era de ver.
(Neste dia se decobriu que ningu�m gostava do doce. Todo mundo aqui em casa gostava mesmo era do artesnato.)
ferramentas
O Blogger � um ser que funciona segundo suas varia��o de temperamento. Tem vez que publica tr�s mesmos posts. Tem vez que bate o p� e me manda ir � posta. Empaca.
A�, pra corrigir uma dessas crises deletei o post errado e com ele foi junto o coment�rio lindo do Inagaki. Merece reprise, esse poeta da prosa.
"Cada um possui a sua madeleine particular. E eu tamb�m gostava de, n�o sem uma r�stia de remorso, esmagar algumas folhas de samambaia a fim de garimpar aqueles c�rculos na bateia da minha m�o."
O Blogger � um ser que funciona segundo suas varia��o de temperamento. Tem vez que publica tr�s mesmos posts. Tem vez que bate o p� e me manda ir � posta. Empaca.
A�, pra corrigir uma dessas crises deletei o post errado e com ele foi junto o coment�rio lindo do Inagaki. Merece reprise, esse poeta da prosa.
"Cada um possui a sua madeleine particular. E eu tamb�m gostava de, n�o sem uma r�stia de remorso, esmagar algumas folhas de samambaia a fim de garimpar aqueles c�rculos na bateia da minha m�o."
7.4.03
bisav�
Aquela casa tinha o cheiro quente que t�m as casas com muitos m�veis. Na varanda com vista para quem vinha, a cadeira de balan�o de palhinha e madeira escura. Desde aquele longo ent�o, todas as cadeiras de balan�o me s�o m�quina do tempo, me levando de volta �quela casa, �quela varanda cheia de samambaias choronas, que mesmo dependuradas no teto alcan�avam a minha m�o de menina. M�o esta que experimentava um certo prazer em arrancar pedacinhos das folhas e desfazer aqueles pequenos c�rculos marrons com as unhas.
Aquela casa tinha o cheiro quente que t�m as casas com muitos m�veis. Na varanda com vista para quem vinha, a cadeira de balan�o de palhinha e madeira escura. Desde aquele longo ent�o, todas as cadeiras de balan�o me s�o m�quina do tempo, me levando de volta �quela casa, �quela varanda cheia de samambaias choronas, que mesmo dependuradas no teto alcan�avam a minha m�o de menina. M�o esta que experimentava um certo prazer em arrancar pedacinhos das folhas e desfazer aqueles pequenos c�rculos marrons com as unhas.
marmita II
Minha mem�ria gosta de passear por caminhos curvos. Minha irm�zinha, Quel, me levou a Manoel de Barros. Que me levou de volta � Quel, desta vez mensageira do devir (geralmente pastora de nuvens), na sala com um livro na m�o e olhos vidrados, um navio � o mundo. isto do ponto de vista dos grilos..
O livro era O fazedor de amanhecer, Manoel de Barros com ilustra��o do Ziraldo. E o guru Google me contou que ele ganhou o premio Jabuti como o Livro do Ano na categoria fic��o em 2002. � um livro pra crian�as. O Jabuti � um bicho surpreendente, mas no bom sentido.
Minha mem�ria gosta de passear por caminhos curvos. Minha irm�zinha, Quel, me levou a Manoel de Barros. Que me levou de volta � Quel, desta vez mensageira do devir (geralmente pastora de nuvens), na sala com um livro na m�o e olhos vidrados, um navio � o mundo. isto do ponto de vista dos grilos..
O livro era O fazedor de amanhecer, Manoel de Barros com ilustra��o do Ziraldo. E o guru Google me contou que ele ganhou o premio Jabuti como o Livro do Ano na categoria fic��o em 2002. � um livro pra crian�as. O Jabuti � um bicho surpreendente, mas no bom sentido.
"O tema do poeta � sempre ele mesmo. Ele � um narcisista: exp�e o mundo atrav�s dele mesmo. Ele quer ser o mundo, e pelas inquieta��es dele, desejos, esperan�as, o mundo aparece. Atrav�s de sua ess�ncia, a ess�ncia do mundo consegue aparecer. O tema da minha poesia sou eu mesmo e eu sou pantaneiro. Ent�o, n�o � que eu descreva o Pantanal, n�o sou disso, nem de narrar nada. Mas nasci aqui, fiquei at� os oito anos e depois fui estudar. Tenho um lastro da inf�ncia, tudo o que a gente � mais tarde vem da inf�ncia. Nesse �ltimo livro meu, Livro sobre nada, tem muitos versos que vieram da inf�ncia. Tem um poema que se chama "A arte de infantilizar formigas". Num v�deo que fizeram sobre mim, o rapaz chega uma hora que pergunta: "Escuta aqui, o senhor escreveu que formiga n�o tem dor nas costas. Mas como � que o senhor sabe?". Outro rapaz me escreveu do Rio, diz que freq�enta as aulas de um professor muito inteligente em energia nuclear, f�sica, poesia e romance, e ele fez a pergunta, que � um verso meu: "Professor, por que a 15 metros do arco-�ris o sol � cheiroso?". O professor, que tinha estudado Einstein e outros autores, disse: "Essa pergunta n�o vou responder, � absurda". Ou seja, encabulou."
Manoel de Barros
Manoel de Barros
telefone
Uma not�cia e o deserto tomou meu cora��o.
(Ela me perguntou o que vi nele. Calei a resposta. Era uma saudade da inf�ncia muito maior que a minha. De uma inf�ncia real, na Bahia, com cercas de arame farpado, esta��es de umbu - fora os tempor�es - e homens do tei� vendendo banha pra dor nas costas-fadiga-impot�ncia. E seus olhos, redemoinhos de mar, me transportavam at� l�.)
Uma not�cia e o deserto tomou meu cora��o.
(Ela me perguntou o que vi nele. Calei a resposta. Era uma saudade da inf�ncia muito maior que a minha. De uma inf�ncia real, na Bahia, com cercas de arame farpado, esta��es de umbu - fora os tempor�es - e homens do tei� vendendo banha pra dor nas costas-fadiga-impot�ncia. E seus olhos, redemoinhos de mar, me transportavam at� l�.)
marmita
(N�o me leia se procura novidade. Todas as minhas palavras j� nascem com muitos anos.)
Na semana passada, nos intervalos do Fant�stico, um comercial do Washington Olivetto sobre a paz, em branco, me arrancou um suspiro engasgado. Hoje resolvi procurar o texto.
(N�o me leia se procura novidade. Todas as minhas palavras j� nascem com muitos anos.)
Na semana passada, nos intervalos do Fant�stico, um comercial do Washington Olivetto sobre a paz, em branco, me arrancou um suspiro engasgado. Hoje resolvi procurar o texto.
6.4.03
mem�ria de cotidiano
- Acordada ainda, filha?
J� tinha revisitado os livros da estante da sala. Nesta casa eu era a dama dos livros e os que pude carreguei comigo. �s vezes me arrependo e por isso nunca levo o Cyrano de Bergerac que acaba sempre servindo de descanso pra copo ao lado da cama. Quando eu morava aqui meu pai sempre vinha desligar a televis�o. �s tr�s da manh�. Eu fingia dormir tentando fechar os olhos assim que a porta se abria, mas nunca o enganava, "sua boba, seu olho brilha no escuro".
- Perdi o sono.
- Onde?
- Bobo. (Pensei nos monstros atr�s do arm�rio. Certas coisas nunca mudam.)
- Acordada ainda, filha?
J� tinha revisitado os livros da estante da sala. Nesta casa eu era a dama dos livros e os que pude carreguei comigo. �s vezes me arrependo e por isso nunca levo o Cyrano de Bergerac que acaba sempre servindo de descanso pra copo ao lado da cama. Quando eu morava aqui meu pai sempre vinha desligar a televis�o. �s tr�s da manh�. Eu fingia dormir tentando fechar os olhos assim que a porta se abria, mas nunca o enganava, "sua boba, seu olho brilha no escuro".
- Perdi o sono.
- Onde?
- Bobo. (Pensei nos monstros atr�s do arm�rio. Certas coisas nunca mudam.)
Mulheres Apaixonadas
Meu pai nunca ouviu falar de sua av�. Nem o nome dela aparece nos documentos do meu av�, que morreu quando meu pai tinha doze anos. Minha av�, m�e do meu pai, era filha de �ndio, se casou e nunca mais voltou � tribo.
Eu ainda tenho uma bisav�, Agda, que fugiu da fam�lia pra se casar e renegou seu sobrenome por um homem que foi comprar cigarros e voltou vinte anos depois. Ela nunca explicou bem essa hist�ria, n�o fala de passado. Mas n�o perde uma novela com Edson Celulari.
A m�e de minha av� materna adorava andar de motoca, feito a velhinha de Taubat�. Me fazia rir com conselhos para "borboletear". Seus olhos brilhavam quando falavam do Agnelo, meu bisav� que sabia tocar viol�o, mas s� se fosse escondido.
Meu pai nunca ouviu falar de sua av�. Nem o nome dela aparece nos documentos do meu av�, que morreu quando meu pai tinha doze anos. Minha av�, m�e do meu pai, era filha de �ndio, se casou e nunca mais voltou � tribo.
Eu ainda tenho uma bisav�, Agda, que fugiu da fam�lia pra se casar e renegou seu sobrenome por um homem que foi comprar cigarros e voltou vinte anos depois. Ela nunca explicou bem essa hist�ria, n�o fala de passado. Mas n�o perde uma novela com Edson Celulari.
A m�e de minha av� materna adorava andar de motoca, feito a velhinha de Taubat�. Me fazia rir com conselhos para "borboletear". Seus olhos brilhavam quando falavam do Agnelo, meu bisav� que sabia tocar viol�o, mas s� se fosse escondido.
5.4.03
Tem coisa mais elegante que a trilha sonora da novela? N�o t� assistindo muito n�o, mas ou�o todo dia. E aquela uma com voz de Sade cantando I�ve got you under my skin? Me lembrei de um tempo guardado. Que eu julgava perdido.
I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart
that you're really a part of me.
I've got you under my skin
I'd tried so not to give in
I said to myself:
this affair never will go so well.
But why should I try to resist
when, baby, I know so well
I've got you under my skin?
I'd sacrifice anything
come what might
For the sake of havin' you near
In spite of a warnin' voice
that comes in the night
And repeats, repeats in my ear:
"Don't you know, little fool,
you never can win?
Use your mentality,
wake up to reality."
But each time that I do
just the thought of you
Makes me stop before I begin
'Cause I've got you under my skin.
I would sacrifice anything
come what might
For the sake of havin' you near
In spite of the warnin' voice
that comes in the night
And repeats - how it yells in my ear:
"Don't you know, little fool,
you never can win?
Why not use your mentality,
step up, wake up to reality?"
But each time I do
just the thought of you
Makes me stop just before I begin
'Cause I've got you under my skin.
Yes, I've got you under my skin.
I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart
that you're really a part of me.
I've got you under my skin
I'd tried so not to give in
I said to myself:
this affair never will go so well.
But why should I try to resist
when, baby, I know so well
I've got you under my skin?
I'd sacrifice anything
come what might
For the sake of havin' you near
In spite of a warnin' voice
that comes in the night
And repeats, repeats in my ear:
"Don't you know, little fool,
you never can win?
Use your mentality,
wake up to reality."
But each time that I do
just the thought of you
Makes me stop before I begin
'Cause I've got you under my skin.
I would sacrifice anything
come what might
For the sake of havin' you near
In spite of the warnin' voice
that comes in the night
And repeats - how it yells in my ear:
"Don't you know, little fool,
you never can win?
Why not use your mentality,
step up, wake up to reality?"
But each time I do
just the thought of you
Makes me stop just before I begin
'Cause I've got you under my skin.
Yes, I've got you under my skin.
4.4.03
"porque o semear he hua arte que tem mays de natureza que de arte, cahia onde cahir" Padre Vieira, Serm�o da Sexag�sima no original
Fico vendo estas discuss�es em que aparece uma pedagoga, outra psic�loga e o escambau e ficam discorrendo sobre como a internet est� transformando a l�ngua portuguesa. Pra pior. Ent�o querem engessar a l�ngua?
O Guimar�es Rosa escreveu toda a sua obra com base em pequenas transforma��es pessoais - e universais, mas ainda muito pessoais, da nossa ling�inha. N�o vamos bot�-los no mesmo balaio, voc� poderia dizer. Ent�o t�. O Rosa recriou o jeito de falar do tropeiro, descobriu a beleza que ningu�m antes tinha visto. E ent�o, cara p�lida, quer me dizer que j� t� bom assim? J� � suficiente?Que n�o d� mais pra ver nada na l�ngua? Quem sabe n�o estamos vendo a cria��o de uma base pra um Guimar�es Bits.
O portug��s � vivo. O portugu�s n�o � pra amadores. E vive la difer�nce, as pequenas diferen�as que surgem ao longo do tempo.
E v�o se catar.
Fico vendo estas discuss�es em que aparece uma pedagoga, outra psic�loga e o escambau e ficam discorrendo sobre como a internet est� transformando a l�ngua portuguesa. Pra pior. Ent�o querem engessar a l�ngua?
O Guimar�es Rosa escreveu toda a sua obra com base em pequenas transforma��es pessoais - e universais, mas ainda muito pessoais, da nossa ling�inha. N�o vamos bot�-los no mesmo balaio, voc� poderia dizer. Ent�o t�. O Rosa recriou o jeito de falar do tropeiro, descobriu a beleza que ningu�m antes tinha visto. E ent�o, cara p�lida, quer me dizer que j� t� bom assim? J� � suficiente?Que n�o d� mais pra ver nada na l�ngua? Quem sabe n�o estamos vendo a cria��o de uma base pra um Guimar�es Bits.
O portug��s � vivo. O portugu�s n�o � pra amadores. E vive la difer�nce, as pequenas diferen�as que surgem ao longo do tempo.
E v�o se catar.
3.4.03
cenas da vida
-Vamos � praia amanh�? - o acompanhante perguntou.
-Sim, claro! - ela respondeu.
-Ent�o, o que fa�o? Telefono ou te cutuco?
espelho meu,
- voc� quer ra��o?
- n�o, obrigada.
(sil�ncio, cara de incredulidade:)
- �!... n�o � pra voc� n�o... � pra voc� levar pra sua gata!
(gargalhadas)
gh
-Vamos � praia amanh�? - o acompanhante perguntou.
-Sim, claro! - ela respondeu.
-Ent�o, o que fa�o? Telefono ou te cutuco?
espelho meu,
- voc� quer ra��o?
- n�o, obrigada.
(sil�ncio, cara de incredulidade:)
- �!... n�o � pra voc� n�o... � pra voc� levar pra sua gata!
(gargalhadas)
gh
pequenas mudan�as, grandes mudan�as
Ontem assisti �quele epis�dio cl�ssico de Felicity em que ela corta suas melenas. Deu vontade de mudar mais. Cortar os cabelos, s� se for com m�quina. Ent�o mudo o bula bula. Aguardem.
update: at� tentei, mas sou muito apegada �s minhas refer�ncias. n�o teve jeito...
Ontem assisti �quele epis�dio cl�ssico de Felicity em que ela corta suas melenas. Deu vontade de mudar mais. Cortar os cabelos, s� se for com m�quina. Ent�o mudo o bula bula. Aguardem.
update: at� tentei, mas sou muito apegada �s minhas refer�ncias. n�o teve jeito...
ver tv
Essas listas das coisas que sentimos falta, ou "voc� sabe por onde anda", � �tima. Uma vez recebi um e-mail ilustrado com pogobol, bilboqu�, picol� de mini-saia (laranja e groselha), o Ferrugem, o Fof�o e o supra-sumo Atari.
(Vendo Saia Justa, GNT (Canal 41 NET/Sky). Sou f� dos sil�ncios da Rita Lee e adoro a Magda Orth quando ela n�o atua. Mas a coitada da M�nica Waldvogel t� mais pra bab� da intolerante Fernanda Young. Como diz a Marina, o problema da Fernanda Young � que ela � muito previs�vel.)
Essas listas das coisas que sentimos falta, ou "voc� sabe por onde anda", � �tima. Uma vez recebi um e-mail ilustrado com pogobol, bilboqu�, picol� de mini-saia (laranja e groselha), o Ferrugem, o Fof�o e o supra-sumo Atari.
(Vendo Saia Justa, GNT (Canal 41 NET/Sky). Sou f� dos sil�ncios da Rita Lee e adoro a Magda Orth quando ela n�o atua. Mas a coitada da M�nica Waldvogel t� mais pra bab� da intolerante Fernanda Young. Como diz a Marina, o problema da Fernanda Young � que ela � muito previs�vel.)
um olho no peixe, o outro no gato
Meu irm�o me pergunta se assalto l� � mesmo muito. Lembrei de A. me contando a hist�ria das bicicletas. A primeira era linda, cara e leve. Por culpa dele. Como assim querer andar com um tro�o daqueles na Lagoa? � pedir pra ser assaltado. Pior s� se andasse com uma plaquinha "me assalte". A segunda era intermedi�ria, boazinha, bonitinha. Ainda n�o era suficiente, n�? Tamb�m foi levada, bom pra aprender. Essa agora, vermelha aro 10 ningu�m leva porque n�o consegue andar, � empenada e tem que ser guiadas na diagonal. Agora sim.
Terezinha de Jesus.
N�o. Isso n�o t� certo. N�o me conformo, n�o tenho culpa direta em assalto. Posso ter a indireta, sei l�, exclus�o social. Mas ainda assim n�o d� pra regular minha vida pela �tica do assaltante. Tem sim, Felipe. No Rio tem muito assalto. � lindo, mas tem muito assalto. Um olho na vista e o outro na bolsa.
Meu irm�o me pergunta se assalto l� � mesmo muito. Lembrei de A. me contando a hist�ria das bicicletas. A primeira era linda, cara e leve. Por culpa dele. Como assim querer andar com um tro�o daqueles na Lagoa? � pedir pra ser assaltado. Pior s� se andasse com uma plaquinha "me assalte". A segunda era intermedi�ria, boazinha, bonitinha. Ainda n�o era suficiente, n�? Tamb�m foi levada, bom pra aprender. Essa agora, vermelha aro 10 ningu�m leva porque n�o consegue andar, � empenada e tem que ser guiadas na diagonal. Agora sim.
Terezinha de Jesus.
N�o. Isso n�o t� certo. N�o me conformo, n�o tenho culpa direta em assalto. Posso ter a indireta, sei l�, exclus�o social. Mas ainda assim n�o d� pra regular minha vida pela �tica do assaltante. Tem sim, Felipe. No Rio tem muito assalto. � lindo, mas tem muito assalto. Um olho na vista e o outro na bolsa.
Assinar:
Postagens (Atom)