27.12.02
25.12.02
Votos de Ano Novo
Ou seria propaganda de cart�o de cr�dito?
Ame, brigue menos, deixe pra l�, v� ao cinema, fa�a um jantar para dois, curta mais, d� muitos beijos, sa�de, cante no tr�nsito, deixe o carro em casa, fa�a sexo seguro, fa�a mais sexo, seja mais feliz, paz.
Trabalhe com prazer, ligue para os amigos, compre flores para voc�, crie algo novo, molhe as plantas.
Adote uma vida saud�vel, equil�brio. Respire melhor. Caminhe em um parque, ou�a mais m�sica, sorria. Fique mais relax, v� � praia.
2003 alegrias. Fa�a algo que sempre quis, mesmo que seja gritar no cinema, ou um curso de ikebana, acredite em si mesmo. Ande descal�o, esteja de bem com a vida. D� um passo � frente. Realize, permita-se mais. Permita-se.
Feliz ano todo!
Mea culpa, fase anal�gica
Essa minha fase anal�gica ainda acaba me dando uma m�quina de escrever Olivetti. Ando freq�entando os Correios e j� sei at� o pre�o de selo (45 centavos).
Adianto que vou passar Reveillon em Mea�pe. Sou mineira, mas nunca tinha ido � Guarapari. (� uma dist�ncia segura entre Salvador e Cabo Frio, � o que posso explicar.)
Amanh� conto o resto.
Ou seria propaganda de cart�o de cr�dito?
Ame, brigue menos, deixe pra l�, v� ao cinema, fa�a um jantar para dois, curta mais, d� muitos beijos, sa�de, cante no tr�nsito, deixe o carro em casa, fa�a sexo seguro, fa�a mais sexo, seja mais feliz, paz.
Trabalhe com prazer, ligue para os amigos, compre flores para voc�, crie algo novo, molhe as plantas.
Adote uma vida saud�vel, equil�brio. Respire melhor. Caminhe em um parque, ou�a mais m�sica, sorria. Fique mais relax, v� � praia.
2003 alegrias. Fa�a algo que sempre quis, mesmo que seja gritar no cinema, ou um curso de ikebana, acredite em si mesmo. Ande descal�o, esteja de bem com a vida. D� um passo � frente. Realize, permita-se mais. Permita-se.
Feliz ano todo!
Mea culpa, fase anal�gica
Essa minha fase anal�gica ainda acaba me dando uma m�quina de escrever Olivetti. Ando freq�entando os Correios e j� sei at� o pre�o de selo (45 centavos).
Adianto que vou passar Reveillon em Mea�pe. Sou mineira, mas nunca tinha ido � Guarapari. (� uma dist�ncia segura entre Salvador e Cabo Frio, � o que posso explicar.)
Amanh� conto o resto.
18.12.02
Ah, as mulheres
ou
Ah, os homens
Uma vez a Marina disse que gosta de homem que gosta de luta. � uma coisa irracional, um pouco mulher das cavernas. A gente vive reclamando que n�o tem homem sens�vel, que ele usa cal�a jeans embolada no t�nis - ou pior, jeans embolado no sapato. Mas no fundo - na verdade acho que no raso - n�o gosto muito de homem sens�vel. Bem, gosto pra amigo.
Quer saber? Dizem que quem gosta de homem � viado, mulher gosta de dinheiro. Apresento-te a mulher mais viado do mundo: eu.
Gosto de homem que:
Fume Marlboro
Beba
Me segure pelo bra�o
Sinta vontade mal-disfar�ada de co�ar o saco
Cheire a perfume masculino (nada de unissex tipo One)
De vez em quando entre numa briga (nem que seja s� da turma do deixa-disso)
Saiba rezas de cacha�a (Deus � pai e a cacha�a vai)
Mas que de vez em quando, dormindo, me acorde com cafun�. Ou me pe�a que, 'por favor, fique'. Ou que me olhe com cara de bezerro desmamado. E diga que me ama. Mas s� de vez em quando.
ou
Ah, os homens
Uma vez a Marina disse que gosta de homem que gosta de luta. � uma coisa irracional, um pouco mulher das cavernas. A gente vive reclamando que n�o tem homem sens�vel, que ele usa cal�a jeans embolada no t�nis - ou pior, jeans embolado no sapato. Mas no fundo - na verdade acho que no raso - n�o gosto muito de homem sens�vel. Bem, gosto pra amigo.
Quer saber? Dizem que quem gosta de homem � viado, mulher gosta de dinheiro. Apresento-te a mulher mais viado do mundo: eu.
Gosto de homem que:
Fume Marlboro
Beba
Me segure pelo bra�o
Sinta vontade mal-disfar�ada de co�ar o saco
Cheire a perfume masculino (nada de unissex tipo One)
De vez em quando entre numa briga (nem que seja s� da turma do deixa-disso)
Saiba rezas de cacha�a (Deus � pai e a cacha�a vai)
Mas que de vez em quando, dormindo, me acorde com cafun�. Ou me pe�a que, 'por favor, fique'. Ou que me olhe com cara de bezerro desmamado. E diga que me ama. Mas s� de vez em quando.
Hist�rias de um homem com nome de peste
Era sua primeira aula de Educa��o F�sica na universidade. A brincadeira era um futebol que se joga de m�os dadas. Primeiro jogo: casais. Cada um dava a m�o pra uma mo�a e corria atr�s da bola. Segundo jogo, e ele 'n�o ia dar a m�o � caboclo nenhum. A professora que lhe desse falta. Nem s� hoje, pra sempre.'
Perdia o jogo, mas n�o suas cren�as sobre como funciona a vida.
Era sua primeira aula de Educa��o F�sica na universidade. A brincadeira era um futebol que se joga de m�os dadas. Primeiro jogo: casais. Cada um dava a m�o pra uma mo�a e corria atr�s da bola. Segundo jogo, e ele 'n�o ia dar a m�o � caboclo nenhum. A professora que lhe desse falta. Nem s� hoje, pra sempre.'
Perdia o jogo, mas n�o suas cren�as sobre como funciona a vida.
Samba da B�n��o
Sen�o � como amar uma mulher s� linda
E da�? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa al�m de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um melejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas pra amar
Pra sofrer pelo seu amor
E pra ser s� perd�o.
V. de Moraes
N�o se fazem mais Vin�cius como os de Moraes.
Sen�o � como amar uma mulher s� linda
E da�? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa al�m de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um melejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas pra amar
Pra sofrer pelo seu amor
E pra ser s� perd�o.
V. de Moraes
N�o se fazem mais Vin�cius como os de Moraes.
13.12.02
Revirando a Caixa de Mensagens,
depois de ter revirado o ba� de cartas.
Catita L�a B�rgia,
(...) sabia que seus an�is eram grandes e coloridos demais pra serem caprichos de alquimia. Ali sempre teve mais do que isso, um feiti�o que se n�o apanhava, matava. Sem alegorias, Ana Bolena perto de voc� � santa doutora. E agora ainda me lan�a na ignor�ncia com mais uma palavra daquelas: digoxina. Se eu chegasse a seus p�s na bioqu�mica estaria feliz. Digo que sim. � isso! "J� pode ir" mesclado com "digo que sim". Ast�cia, seu nome � mulher!
E mesmo sabendo disso tudo, aceito seus ch�s, antes perecer com eles do que com a cicuta dos pederastas barbudos. Sou dos que pagam pra ver, mas depois quer ter a chance de apostar de novo, como Tele-sena. O eterno retorno. S�lvio Santos � nietzscheano.
Ah, e quanto ao Guimar�es Rosa e o Rubem Fonseca, diz que � goza��o, sen�o vou esconder meu rosto atr�s das suas costas. Sem garantia contra gasturinhas.
L.
depois de ter revirado o ba� de cartas.
Catita L�a B�rgia,
(...) sabia que seus an�is eram grandes e coloridos demais pra serem caprichos de alquimia. Ali sempre teve mais do que isso, um feiti�o que se n�o apanhava, matava. Sem alegorias, Ana Bolena perto de voc� � santa doutora. E agora ainda me lan�a na ignor�ncia com mais uma palavra daquelas: digoxina. Se eu chegasse a seus p�s na bioqu�mica estaria feliz. Digo que sim. � isso! "J� pode ir" mesclado com "digo que sim". Ast�cia, seu nome � mulher!
E mesmo sabendo disso tudo, aceito seus ch�s, antes perecer com eles do que com a cicuta dos pederastas barbudos. Sou dos que pagam pra ver, mas depois quer ter a chance de apostar de novo, como Tele-sena. O eterno retorno. S�lvio Santos � nietzscheano.
Ah, e quanto ao Guimar�es Rosa e o Rubem Fonseca, diz que � goza��o, sen�o vou esconder meu rosto atr�s das suas costas. Sem garantia contra gasturinhas.
L.
S� vi ao meu redor caras c�ticas quando disse que o amante sempre volta ao ninho dos amores, ainda que o saiba vazio. Imaginaram, talvez, que o cen�rio em que encontr�vamos despertava em mim uma l�rica frivolidade, uma pieguice formal, em meio a discuss�o s�ria. Pacientemente tive que fornecer-lhes a ponte e perguntei-lhes se o criminoso voltava, acaso, para reassassinar o morto. Se assim n�o era, porque voltava? Em busca de que, sen�o da intensidade do crime, se n�o por nostalgia?
10.12.02
Rita
No meio da noite despertei sonhando com minha filha Rita. Eu a via nitidamente, na gra�a dos seus cinco anos.
Seus cabelos castanhos - a fita azul - o nariz reto, correto, os olhos de �gua, o riso fino, engra�ado, brusco...
Depois um instante de seriedade; minha filha Rita encarando a vida sem medo, mas s�ria, com dignidade.
Rita ouvindo m�sica; vendo campos, mares, montanhas; ouvindo de seu pai o pouco, o nada que ele sabe das coisas, mas pegando dele o seu jeito de amar - s�rio, quieto, devagar.
Eu lhe daria cajus amarelos e vermelhos, seus olhos brilhariam de prazer. Eu lhe ensinaria a palavra cica, e tamb�m a amar os bichos tristes, a anta e a pequena cotia; e o c�rrego; e a nuvem tangida pela vira��o.
Minha filha Rita em meu sonho me sorria - com pena desse seu pai, que nunca a teve.
Rubem Braga, Janeiro, 1955
Essa noite sonhei com filhos e cajus...
No meio da noite despertei sonhando com minha filha Rita. Eu a via nitidamente, na gra�a dos seus cinco anos.
Seus cabelos castanhos - a fita azul - o nariz reto, correto, os olhos de �gua, o riso fino, engra�ado, brusco...
Depois um instante de seriedade; minha filha Rita encarando a vida sem medo, mas s�ria, com dignidade.
Rita ouvindo m�sica; vendo campos, mares, montanhas; ouvindo de seu pai o pouco, o nada que ele sabe das coisas, mas pegando dele o seu jeito de amar - s�rio, quieto, devagar.
Eu lhe daria cajus amarelos e vermelhos, seus olhos brilhariam de prazer. Eu lhe ensinaria a palavra cica, e tamb�m a amar os bichos tristes, a anta e a pequena cotia; e o c�rrego; e a nuvem tangida pela vira��o.
Minha filha Rita em meu sonho me sorria - com pena desse seu pai, que nunca a teve.
Rubem Braga, Janeiro, 1955
Essa noite sonhei com filhos e cajus...
9.12.02
Canastra da Em�lia
A Mari falou do bauzinho da Em�lia num e-mail. (Podia ter sido numa carta...) Eu me lembrei que tenho um. Comprei um ba� numa daquelas lojas da Rua do Ouvidor. Colei pap�is que guardava numa caixa de sapatos desde a �poca que 'fazia agenda', mais outros recortes que andavam espalhados entre os cadernos, grudados no mural. Fiz com que o conjunto fizesse sentido. Comprei goma laca em BH, numa papelaria em frete ao caf� Tr�s Cora��es.
O que guardo l� na minha canastrinha?
Verdades que n�o s�o mais
Fotos
Cartas
Casti�ais que ganhei de presente de E.
Segredos
Cole��o de pap�is de carta
Diploma do pr�zinho
Agendas
Caderno de poesias
Negativos de filme
A Mari falou do bauzinho da Em�lia num e-mail. (Podia ter sido numa carta...) Eu me lembrei que tenho um. Comprei um ba� numa daquelas lojas da Rua do Ouvidor. Colei pap�is que guardava numa caixa de sapatos desde a �poca que 'fazia agenda', mais outros recortes que andavam espalhados entre os cadernos, grudados no mural. Fiz com que o conjunto fizesse sentido. Comprei goma laca em BH, numa papelaria em frete ao caf� Tr�s Cora��es.
O que guardo l� na minha canastrinha?
Verdades que n�o s�o mais
Fotos
Cartas
Casti�ais que ganhei de presente de E.
Segredos
Cole��o de pap�is de carta
Diploma do pr�zinho
Agendas
Caderno de poesias
Negativos de filme
E carta, quando a gente tem saudade, vai l� e l� de novo. E lembra que na hora n�o achou o abridor de cartas, porque quase n�o usa aquilo e n�o sabe onde deixou. E abriu assim mesmo, rasgando o pedacinho de cima e enfiando o dedo e puxando, a� teve que colocar a m�o dentro da carta pra tir�-la, cheia de cola, l� de dentro. E lembrar disso � outra emo��o.
Bulas, cartas, escritos.
Ando escrevendo cartas. Aos borbot�es. Algumas pro A., que j� me escreveu cartas de todos os jeitos, escritas em guardanapos de boteco do Maranh�o, sentado em dunas no litoral do nordeste, com papel de caderno emprestado no Vale do Jequitinhonha (em saco de papel pardo ainda n�o).
Pegar carta com a m�o, cheirar, ver o selo e o carimbo do dia que foi posto - �s vezes muito antes a carta foi escrita - ver que a letra muda quando � escrita com mais raiva, mais amor, mais emo��o.
(Adorava quando as cartas do A. chegavam escritas � l�pis. Davam sensa��o de urg�ncia, de n�o poder esperar pela caneta. Ele tinha que escrever naquela hora.)
Muito disso � inveja. Inveja do Sabino, do Pellegruventz, do Paj�, do Nicodemus. Inveja de livro de cartas, de Griffin e Sabine, o livro mais bonito que j� vi.
Muito disso � tristeza e avers�o ao mundo tecnol�gico fast food. Mas isso passa.
Ando escrevendo cartas. Aos borbot�es. Algumas pro A., que j� me escreveu cartas de todos os jeitos, escritas em guardanapos de boteco do Maranh�o, sentado em dunas no litoral do nordeste, com papel de caderno emprestado no Vale do Jequitinhonha (em saco de papel pardo ainda n�o).
Pegar carta com a m�o, cheirar, ver o selo e o carimbo do dia que foi posto - �s vezes muito antes a carta foi escrita - ver que a letra muda quando � escrita com mais raiva, mais amor, mais emo��o.
(Adorava quando as cartas do A. chegavam escritas � l�pis. Davam sensa��o de urg�ncia, de n�o poder esperar pela caneta. Ele tinha que escrever naquela hora.)
Muito disso � inveja. Inveja do Sabino, do Pellegruventz, do Paj�, do Nicodemus. Inveja de livro de cartas, de Griffin e Sabine, o livro mais bonito que j� vi.
Muito disso � tristeza e avers�o ao mundo tecnol�gico fast food. Mas isso passa.
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