31.3.05
30.3.05
Meu progresso é lentíssimo, componho muito pouco, não me julgo substancialmente e permanentemente escritora. Entendo que literatura é negócio de grande responsabilidade e não considero honesto rotular-se de escritor apenas quem escreva por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação.
Meus amigos, meus inimigos, não reclamem do funcionalismo público, afinal que outro setor permite a contemplação necessária para que se produza boa literatura? Fernando Pessoa era funcionário público, Drummond era, Vinícius de Moraes era um notório funcionário do nosso público Itamaraty. Alimento melhor para a poesia que o erário, não houve e não há.
25.3.05
feriado é pra desfiar preguiça. tô lendo anjos e demônios. é igual ao código da vinci, mas diverte. é como assistir ao de volta para o futuro I, II e III. vai ficando um pouco mais chato no final, progressivamente.
melhorei o humor. só um pouco. tá bem, muito. acho que o stress às vezes confunde a cabeça e a gente começa a achar um monte de coisas.
é claro que continuo com inveja daquela amiga da minha mãe que largou tudo e foi viver numa fazendinha no piemonte italiano, caça trufas no bosque na estação de trufas, aquece a casa com fogão à lenha, tem no quintal aquelas galinhas tipo a Cocota, de rabo cor de mosca varejeira.
talvez tudo isso seja uma lembrança boa da Itália, que me atacou com a leitura do livro. aí fico quinem boba contando pra A. da sorveteria boa pra caramba que tem perto do Panteão, e que Bernini tirou todo o cobre do Panteão pra fazer o baldaquino da igreja de San Pietro. Aí fico parecendo metida quando não sei me referir à catedral de São Pedro como São Pedro. A. achou engraçado qunado me referi a uma pessoa como "romano". ligava a palavra a povos antigos.
mas o único movimento possível é usar a imaginação.
melhorei o humor. só um pouco. tá bem, muito. acho que o stress às vezes confunde a cabeça e a gente começa a achar um monte de coisas.
é claro que continuo com inveja daquela amiga da minha mãe que largou tudo e foi viver numa fazendinha no piemonte italiano, caça trufas no bosque na estação de trufas, aquece a casa com fogão à lenha, tem no quintal aquelas galinhas tipo a Cocota, de rabo cor de mosca varejeira.
talvez tudo isso seja uma lembrança boa da Itália, que me atacou com a leitura do livro. aí fico quinem boba contando pra A. da sorveteria boa pra caramba que tem perto do Panteão, e que Bernini tirou todo o cobre do Panteão pra fazer o baldaquino da igreja de San Pietro. Aí fico parecendo metida quando não sei me referir à catedral de São Pedro como São Pedro. A. achou engraçado qunado me referi a uma pessoa como "romano". ligava a palavra a povos antigos.
mas o único movimento possível é usar a imaginação.
24.3.05
uma vez li uma matéria que mostrava estatísticas de tristeza. tristeza entre pobres, ricos, homens, mulheres, velhos, jovens, solteiros e casados. concluía que a tristeza não tem nenhuma relação com nenhum desses fatores. a pessoa podia ter a vida mais invejada de todas e se sentir triste.
acho que é isso, herdei a tristeza do selvagem. mas me pergunto se não tenho uma estranha vontade de tristeza.
"Ouvi isso num filme, fiquei pensando, leva muito tempo pra conhecer alguém. Fico pensando se o melhor da relação é o que todo mundo implica. Depois de um tempo, voce já sabe que blusa o homem vai usar naquele dia, que perfume, que tipo de meia, voce já conhece as manias, já sabe a comida, o gosto, o assunto, tudo é familiar. Poderia ficar apaixonada pra sempre por alguém que eu conhecesse totalmente.
(...)
Quero mudar de casa, de vida também, mas no momento o único movimento possivel é usar a imaginação. Posso também comprar panelas novas. Ou toalhas."
sintonia é uma coisa...
(...)
Quero mudar de casa, de vida também, mas no momento o único movimento possivel é usar a imaginação. Posso também comprar panelas novas. Ou toalhas."
sintonia é uma coisa...
há um grande cansaço na alma do meu coração. entristece-me quem eu nunca fui, e não sei de que espécie de saudades é a lembrança que eu tenho disso. caí contra as esperanças e certezas, com os poentes todos.
(os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos - a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo. Todos esses meios tons da consciência da alma cria em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-por do que somos. O sentirmo-nos é então um campo deserto a escurecer.)
(os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos - a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo. Todos esses meios tons da consciência da alma cria em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-por do que somos. O sentirmo-nos é então um campo deserto a escurecer.)
23.3.05
"Tenho a alma num estado de rapidez ideativa tão intenso que preciso fazer da minha atenção um caderno de apontamentos, e, ainda assim, tantas são as folhas que tenho a encher que algumas se perdem, por elas serem tantas, e outras se não podem ler depois, por com mais que muita pressa escritas. As ideias que perco causam-me uma tortura imensa, sobrevivem-se nessa tortura escuramente outras. V. dificilmente imaginará que a Rua do Arsenal, em matéria de movimento, tem sido a minha pobre cabeça. Versos ingleses, portugueses, raciocínios, temas, projectos, fragmentos de coisas que não sei o que são, cartas que não sei como começam ou acabam, relâmpagos de críticas, murmúrios de metafísicas... toda uma literatura, meu caro Mário, que vai da bruma - para a bruma - pela bruma... "
Carta de Fernando Pessoa ao amigo Mário Beirão, em 01 de Fevereiro de 1913
22.3.05
21.3.05
Ouvi de um professor uma vez que citações só serviam quando a gente não tem respaldo - ou experiência - suficiente para fazer a afirmação por nós mesmos. Humpf, vou morrer sem ter respaldo suficiente para afirmar por mim mesma. Ou como disse sir Ezra Pound, "não se constroem casas sem tijolos" e eu não posso construir um imaginário e uma sistemática de pensar sem pensamentos dos outros. E tenho dito.
(tentando justificar minha preguiça de pensar por mim mesma.)
(tentando justificar minha preguiça de pensar por mim mesma.)
16.3.05
15.3.05
14.3.05
Às vezes abro o Blogger e por horas ele fica aberto sem que eu escreva uma só palavra. Emburreci? Perdi a capacidade de comunicação? Me enquadrei no sistema?
Fiquei dois anos sem meus livros. Livros juntados durante toda a minha vida ficaram pra trás quando deixei essa vida pra trás. Meu diploma está em algum arquivo bagunçado de uma repartição em Salvador. Meus cds eu não faço idéia em que apárelho tocam hoje.
Hoje estou resgatando frações daquela vida antiga. Meus livros recuperados já respiram aliviados e protegidos do mofo em suas novas prateleiras. Estão ganhando ex libris e sendo bem cuidados.
Mas as palavras, essas continuam só dentro deles. Ainda não consegui recuperá-las.
Fiquei dois anos sem meus livros. Livros juntados durante toda a minha vida ficaram pra trás quando deixei essa vida pra trás. Meu diploma está em algum arquivo bagunçado de uma repartição em Salvador. Meus cds eu não faço idéia em que apárelho tocam hoje.
Hoje estou resgatando frações daquela vida antiga. Meus livros recuperados já respiram aliviados e protegidos do mofo em suas novas prateleiras. Estão ganhando ex libris e sendo bem cuidados.
Mas as palavras, essas continuam só dentro deles. Ainda não consegui recuperá-las.
4.3.05
tudo parece fazer tanto tempo que se embaça a lembrança. aulas de cabeça pra baixo: eu era artista. era um sem conta de novidades sensoriais e tais. saudades do tempo em que tinha cabelo vermelho e dedo verde. (eu tinha um verdadeiro jardim suspenso da babilônia no meu apartamentinho com vista pra montanha.)
hoje: ginástica laboral. arghhh.
hoje: ginástica laboral. arghhh.
3.3.05
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