Aprendi a ler aos quatro anos. Devorei todos os livros da casa e da família até os 10, mais ou menos. Depois comecei a freqüentar a biblioteca pública no centro da cidade. Eu devia ter uns 13 anos quando me disseram que a biblioteca ia fechar para reforma e reformulação do registro de livros. Me ofereci como voluntária, não queria me afastar daquele lugar. Acho que me aceitaram por costume de já me terem por perto. Não sei se ajudei muito, mas manusear livros que, do contrário, eu nunca tocaria, me fez muito bem.
Um desses livros-descoberta foi um conto do Balzac, até então desconhecido pra mim, Uma paixão no deserto, que conta uma história de amor entre um homem e uma onça. Nunca esqueci das palavras finais que eram mais ou menos essas:
"Eles terminaram como todas as grandes paixões terminam - por um mal entendido. Por algum razão um suspeita da traição do outro; não se chega a uma explicação por orgulho, e parte-se para uma disputa obstinada."
"Ainda que às vezes uma única palavra ou um olhar seja o bastante."
Ultimamente tenho me sentido burra e tenho lido muito mal e pouco, com a diferença, em relação aos totalmente ignorantes, que eu sei o que perco.