Tê está há quase um ano na Alemanha, me deixando aqui na orfandade. Tem medo de voltar pro Brasil. Quer ficar mais. Tem saudade. Ficou noiva em Veneza. Sem testemunhas.
André e eu nos casamos sozinhos, sem testemunhas, no cartório. Mas a felicidade é a mesma de um festão, né? A gente gostando deles, entendidamente, e coração contando que eles também em amor gostam da gente. E esse amor sede depois de ter bem bebido vai serpenteando pela vida, se alimentando dele mesmo.
Tê, eu desejo toda a felicidade deste mundo debaixo das estrelas pra você. Quanto ao medo de voltar, sempre dá aquela gasturinha na barriga, e trabalho não tá mesmo fácil, mas também não é impossível, ainda mais assim! É de uma raridade sem tamanho quem fale alemão e seja em Letras e Leis formado.
A saudade, daquelas que não é de bicho nem de gente, é assim de ver um moleque passando na bicicleta assobiando samba, de goiaba, de um cheiro de madeira e quadro quando se entra em casa, não abandona a gente nunca mais. É de uma estranheza só essa saudade que começa aí e não acaba em lugar nenhum, pois que é uma saudade de tempo.
Eu te amo. E tenho saudades. E te desejo um retorno feliz, a seu tempo.