17.2.05

Pela Noite

Como se algo estivesse perfeito. Eu insisto no perfeito, era assim: pouco antes da perfeição se cumprir. Perfeito, preparado para acontecer e, de repente, não acontecesse. Não acontece. E logo depois, quando você ainda nem entendeu direito o que aconteceu, ou o que não aconteceu, ou porque deveria ter ou não ter acontecido, vem alguém de repente e te dá um soco no estômago. E a mão que daqui a pouco você tinha certeza que ia estar cheia, pronto!, está vazia de novo.

(...)

- Entendeu? É bem simples. É medonho, porque não pára nunca de acontecer. A mão que daqui a pouco ia estar cheia, pronto!, está vazia de novo.”

(Abreu, Caio Fernando. Estranhos Estrangeiros. SP, Cia. Das Letras, 1996. pp. 59-60)

para Renata e Suzana.