Fui tomado por um súbita saudade, saudade de família, de infância, tento lembrar dos cheiros, do vento de Minas, da bosta de vaca, o cheiro da fábrica de biscoitos em Gesuânia no caminho para a fazenda, quero voltar a ser menino, avô levando pra colher frutinhas silvestres com seu canivete de Campanha, andar de jipe pelo cafezal e colher café maduro docinho (pouca gente sabe). Bisavô forte, tias freiras e toda a família na cozinha, mandioca plantada no quintal que derrete na boca,todos os primos, todos pequenos, abacateiro que parece escada, pé de Lima na porta da cozinha. Ser íntimo do livro e do barro, saudade de ser mineiro, coisa que, por irônia do destino ou do progresso, me foi negada...Fazenda não há mais, primos se foram, os tempos mudaram e não há mais tempo, tempo pra reunir a família, avós ficando velhos, não há mais biscoitos de nata(receita da bizavó), Minas parece distante, uma lembrança gostosa e doída, coisa que não volta mais e de repente, como que por consolo por ter me negado a pátria me chega você, recompensa pela minha devoção, com suas modas, seus escritores, tempero herdado de avó, farinha, Ouro Preto, seu jeito de amar que só quem ama em Minas conhece...definitivamente você, minha mulher, agora me sinto um Mineiro de verdade.
Com amor,
Com amor,