5.11.02

�, t� um pouco cansada dessa superexposi��o Drummond. Mas - como diria Goethe - por que eu deveria me dar ao trabalho de encontrar algo pr�prio, quando este poema cabia � maravilha e dizia exatamente aquilo que era preciso?

N�o se mate

Carlos, sossegue, o amor
� isso que voc� est� vendo:
hoje beija, amanh� n�o beija,
depois de amanh� � domingo
e segunda-feira ningu�m sabe
o que ser�.

In�til voc� resistir
ou mesmo suicidar-se.
N�o se mate, oh n�o se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ningu�m sabe
quando vir�o,
se � que vir�o.

O amor, Carlos, voc� tel�rico,
a noite passou em voc�,
e os recalques se sublimando,
l� dentro um barulho inef�vel,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
an�ncios do melhor sab�o,
barulho que ningu�m sabe
de qu�, praqu�.

Entretanto voc� caminha
melanc�lico e vertical.
Voc� � a palmeira, voc� � o grito
que ningu�m ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, n�o, no claro,
� sempre triste, meu filho, Carlos,
mas n�o diga nada a ningu�m,
ningu�m sabe nem saber�