20.11.02

Ent�o, hist�rias

N�o que eu nunca tenha percebido o quanto gosto daqui. Pelo contr�rio: eu sempre. Quando juntei meus jeans preferidos e a m�quina fotogr�fica e botei o p� no mundo, o que eu escrevi aqui foi um poema sobre a arte da perda. Mas n�o tenho como negar que voltei pra c� com um outro olhar. (Talvez por ser ver�o, e o ver�o ser t�o sal�o de beleza de tr�picos.)

...

A Igreja de Santa Efig�nia � no alto de um morro. No meio desse morro tem um orat�rio. Um funcion�rio zeloso da Casa dos Contos, muito devoto de Nossa Senhora do Ros�rio, depositava flores ao lado da imagem todos os dias. O homem era conhecido como Vira-saia.

(Ando seca por novas-velhas hist�rias das ruas por onde passei vezes sem fim.)

Da Casa dos Contos - onde todo o ouro extra�do das Minas Gerais era fundido e o quinto, imposto que o governo recebia na forma da quinta parte desse ouro - era levado ao Rio de Janeiro, ent�o capital do imp�rio, e para onde seguiam duas estradas. Como os assaltos se tornaram constantes, o governo planejou que dois carregamentos seriam levados ao Rio, para confundir os ladr�es: um de ouro e outro de areia, um por cada caminho, e alternadamente, sendo que nunca se saberia pra que lado o carregamento valioso seguiria naquele dia. Mesmo assim os ladr�es nunca erraram.

As flores no orat�rio eram sempre colocadas do lado onde seguiria o carregamento certo. O zeloso funcion�rio foi morto e a sua fam�lia torturada.