6.10.02

Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos de outras terras, queria mesmo neste instante era voltar.

Em minhas andancas eu quase nunca soube se estava fugindo de uma coisa ou cacando outra. Nessa brincadeira passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida. E as vezes reparamos que eh ela que se vai, e nos (as vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando.

Ha, e nao vale a pena esconder nem esquecer isso, aqueles momentos de solidao e de morno desespero, aquela surda saudade que nao e de terra nem de gente, e eh de tudo, eh de um ar em que se fica mais distraida, eh de um cheiro antigo de chuva na terra da infancia, eh de qualquer coisa esquecida e humilde - moleque passando na bicicleta assobiando samba, goiabeira, peteca, conversa mole, quebra-queixo. Mas entao as bobagens do estrangeiro nao rimam com a gente, e as ruas sao hostis e as casas se fecham com egoismo, e a alegria dos outros que passam rindo e falando alto sua lingua doi como bofetada injusta.