"Brasil ou Inglaterra? Que percam os dois!" Do jornal argentino Clar�n, na internet
Vou dar uma banana pra cronologia e vou falar a respeito do jogo do Brasil. Em primeiro lugar eu quero registrar a falta que eu sinto do Galv~ao Bueno. Agora sim, posso falar.
A Universidade, muito cuidadosa por sinal, me deu um apartamento de 5 quartos pra morar sozinha. Eles limpam, d'a pra acreditar na mordomia? 'E bem bonitinho e equipado. Tem microondas, freezer, geladeira, fog~ao el'etrico, garrafa el'etrica, os b'asicos aquecedores em todos os c^omodos e at'e um aparelho perto do vaso que 'e pra tirar os odores (!). Mas n~ao tem tv. Nem r'adio. E como tamb'em n~ao tenho celular aqui virei uma pessoa desprovida de barulhos. Tem nocao o quanto isso 'e enlouquecedor? Tudo que eu queria era algu'em fazendo barulho de manh~a. J'a tava bom. Ou n~ao. 'E que ontem teve algu'em fazendo barulho de manh~a e eu quase morri de susto. 8 da manh~a eu fui abrir a janela do meu quarto no segundo andar e dei de cara com um gal^es desses rosinhas. Tava l'a limpando o vidro da janela, o coitado.
Voltando `a falta da tv, tive que acordar mais cedo hoje e ir at'e um pub pra conseguir ver o jogo, que passou aqui `as 7:30 da manh~a. Eu 'unica de mulher no meio de sei l'a quantos mil galeses bebendo cervejas desde as 7 da manh~a. Tudo pelo Brasil. Tinha que ver a minha comemorac~ao t'imida do gol. S'o sorri prum daqueles velhinhos ros'issimos que estavam do meu lado.
No intervalo apareceu um irland^es, b^ebado como todos os irlandeses que aparecem por aqui, com uma camisa do Brasil. S'o a'i percebi que meu caso n~ao era t~ao mal assim. V'arios congratulations foram ouvidos. (S'o pra constar, a 'unica coisa verde e amarela que eu usava era um brochinho com a bandeira do Brasil na blusa que estava embaixo da jaqueta.).
O que importa 'e que ganhamos. Mais uma vez.
E nesse momento sabe o que eu tenho a dizer? Que somos muito maiores que nosso sentimento de inferioridade que faz com que s'o a vit'oria importe. Somos muito maiores que David Beckham e todo o seu pedantismo. Somos muito maiores que qualquer outro cidad~ao do mundo imagina. Somos felizes. Vivemos felizes. E nos entristecemos com a tristeza do vizinho. E eu tenho orgulho disso. Congratulations!
Tirei o broche da blusa de baixo e coloquei na lapela da jaqueta.
Vivianne Pontes, correspondente internacional, do pa'is onde os acentos escorregam das letras.