30.4.02

Despachos
T� num momento estranho de minha vida. Tenho tudo pra estar sorrindo aos ventos, mas tem um �algo� que me faz querer chorar o tempo todo. N�o � um choro triste, � mais um tipo de despacho sem cacha�a nem frango. Um al�vio.

Tem um temp�o que queria falar aqui de algumas coisas que foram muito importantes na minha vida. Segundo o M�ario Quintana, que cito de mem�ria, � h� certos momentos que ao contr�rio do que a gente pensa, fazem parte da nossa vida presente, e n�o do nosso passado. E abrem-se no nosso sorriso mesmo quando, deslembrados deles, estivermos sorrindo a outras coisas�.

Um desses momentos inalien�veis foi uma noite, h� muito tempo atr�s. Eu tava com uma forte dor de ouvido, que n�o me deixava dormir. E como uma dor sempre desperta outras dores mais profundas e et�reas, n�o conseguia parar de chorar. Meu pai passou toda a noite do meu lado, com um ferro de passar na m�o esquentando um pano que colocava no meu ouvido, pra aliviar a dor. N�o me dizia nada. Ficou calado o tempo todo pra que eu dormisse. Eu n�o dormi. N�o queria perder aquele momento que eu sabia ser especial.